Empresas de tecnologia e de mídia negociam acordos para uso de conteúdo de Inteligência Artifical
Entre as opções discutidas está o pagamento de uma taxa de assinatura às organizações pelo uso de seus dados, a fim de desenvolver a tecnologia que sustenta os chatbots
As maiores empresas de tecnologia do mundo estão em negociações com os principais meios de comunicação para fechar acordos importantes sobre o uso de conteúdo de notícias para treinar a tecnologia de inteligência artificial.
OpenAI, Google, Microsoft e Adobe se reuniram com executivos de notícias nos últimos meses para discutir questões de direitos autorais em torno de seus produtos de IA, como chatbots de texto e geradores de imagens, de acordo com várias pessoas a par das negociações.
Segundo o jornal Financial Times, essas pessoas disseram que editoras como a News Corp, Axel Springer, The New York Times e The Guardian estiveram em discussões com pelo menos uma das empresas de tecnologia.
Os envolvidos nas discussões, que ainda estão nos estágios iniciais, acrescentaram que os acordos poderiam envolver o pagamento de uma taxa de assinatura às organizações de mídia por seu conteúdo, a fim de desenvolver a tecnologia que sustenta os chatbots, como o ChatGPT da OpenAI e o Bard do Google.
As negociações ocorrem no momento em que os grupos de mídia expressam preocupação com a ameaça que o aumento da IA representa para o setor, além de temerem o uso de seu conteúdo pela OpenAI e pelo Google sem acordos em vigor.
Algumas empresas, como a Stability AI e a OpenAI, estão enfrentando ações judiciais de artistas, agências de fotografia e programadores, que alegam violação contratual e de direitos autorais.
Em maio, em discurso na INMA, uma conferência de mídia, o executivo-chefe da News Corp, Robert Thomson, resumiu a indignação do setor, dizendo que "a propriedade intelectual coletiva [da mídia] está ameaçada e que devemos defender veementemente uma compensação".
Ele acrescentou que a IA foi “projetada para que o leitor nunca visite um site de jornalismo, prejudicando fatalmente esse jornalismo”.
Um acordo definiria o modelo para organizações de notícias em seus negócios com empresas de IA generativa em todo o mundo.
Os executivos do setor de mídia querem evitar os erros do início da era da Internet, quando muitos ofereciam artigos on-line gratuitamente que acabaram prejudicando seus modelos de negócios. Grandes grupos de tecnologia, como o Google e o Facebook, acessaram essas informações para ajudar a criar negócios multibilionários de publicidade on-line.
Algumas discussões atualmente envolvem a tentativa de encontrar um modelo de precificação para conteúdo de notícias usado como dados de treinamento para modelos de IA. Um número que foi discutido pelos editores é de US$ 5 milhões a US$ 20 milhões por ano, de acordo com um executivo do setor.
Outra escolha seria criar um modelo "quantitativo" semelhante ao desenvolvido pelo setor musical, em que estações de rádio, casas noturnas e serviços de streaming pagam às gravadoras cada vez que uma faixa é reproduzida. Isso exigiria primeiro que as empresas de IA divulgassem seu uso de conteúdo de mídia.
Para um executyivo do setor de comunicação, um acordo anual para uso ilimitado do conteúdo de uma empresa de mídia seria uma "segunda melhor opção", porque esse modelo seria mais difícil de ser aproveitado por pequenos veículos de notícias regionais ou locais.
De acordo com o Financial Times, citando pessoas familiarizadas com as negociações, o Google tem liderado as negociações com os meios de comunicação do Reino Unido, reunindo-se com o Guardian e o NewsUK. A empresa tem parcerias de longa data com muitas organizações de mídia para usar dados de conteúdo, e usou esses dados para treinar seus grandes modelos de linguagem.
Desde o lançamento do ChatGP, em novembro, o chefe da OpenAI, Sam Altman, reuniu-se com a News Corp e o The New York Times, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões. A empresa reconheceu que manteve conversas com editoras e associações de editoras em todo o mundo sobre como poderiam trabalhar juntas.