BRASIL

Equipe econômica vê comunicado do Copom como "horroroso" por não indicar queda da Selic em agosto

Um dos pontos que incomodaram foi que ainda há incerteza sobre o formato final do arcabouço fiscal

Economia - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), ao manter a Selic em 13,75% ao ano sem sinalizar claramente o início do ciclo de queda da taxa de juros, frustrou o governo, especialmente o Ministério da Fazenda.

Era esperado que o Copom deixasse a porta aberta para iniciar a queda da Selic na próxima reunião, o que não aconteceu, na visão de integrantes da equipe econômica.

Internamente, o comunicado é avaliado como "horroroso" e "inacreditável" e até como um sinal de confronto pelo Banco Central. O que se espera a partir de agora são críticas mais contundentes, principalmente pelo presidente Lula, direcionado ao chefe do BC, Roberto Campos Neto, mas também críticas por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Um dos pontos que incomodaram foi o comunicado citar que ainda há incerteza sobre o formato final do arcabouço fiscal -- fatura já consertada liquidada por Haddad.

O último parágrafo do comunicado do Copom foi conservador. Ao citar a melhora na evolução da inflação, afirma que a "conjuntura atual segue demandando cautela e parcimônia", além de "paciência e serenidade", já que "o processo desinflacionário tende a ser mais lento e que as expectativas permanecem desancoradas".

No Senado, que vota o projeto de arcabouço fiscal, o tom do comunicado não caiu bem, embora ninguém fale abertamente em rever a autonomia do Banco Central ou tentar tirar Campos Neto do cargo.