Em 2018

Ex-funcionário alertou OceanGate sobre riscos da pressão em submarinos da empresa; entenda

Janela de submersível não teria certificado para aguentar além de 1,3 mil m de profundidade

David Lochridge - OceanGate

Um ex-funcionário da OceanGate, dona do submarino que implodiu ao realizar uma expedição rumo ao naufrágio do Titanic, alertou a empresa ainda em 2018 sobre os riscos que seus submersíveis corriam em altas profundidades. Nesta quinta-feira (22), a Guarda Costeira dos EUA confirmou que o submersível Titan foi destruído devido a pressão.

Segundo as autoridades americanas, os destroços encontrados eram coerentes com uma "catastrófica implosão da câmara de pressão" do submarino Titan, que levava cinco tripulantes rumo ao naufrágio, a uma profundiade de 3,8 mil metros.

De acordo com a revista The New Republic, a Ocean Gate processou David Lochridge, então diretor de operações marítimas da empresa, após ele supostamente divulgar informações confidenciais sobre o Titan. Lochridge, por sua vez, afirma ter sido demitido injustamente da companhia após levantar preocupações sobre a "recusa da empresa em conduzir testes críticos e não destrutivos" do Titan.

Segundo com Lochridge, os passageiros do submarino correriam perigo conforme o veículo elevadas profundidades por conta da pressão sobre a estrutura do Titan. No processo, Lochridge também detalhou uma reunião da equipe de engenharia da empresa, onde diferentes funcionários expressaram preocupação quanto a segurança do submarino.

O CEO da Ocean Gate, Stockton Rush, pediu, então, a Lochridge uma inspeção no Titan, mas, no processo, o então funcionário da empresa relata ter tido dificuldades em obter documentos necessários para a realização do trabalho.

No dia 19 de janeiro, em uma segunda reunião, Lochridge foi informado que a janela de visualização do submarino tinha certificação para aguentar pressões de até 1,3 mil metros. A intenção da Ocean Gate era levar seus passageiros até o naufrágio do Titanic, 3, 8 mil metros abaixo da superfície.

Lochridge afirma ainda no processo que eventuais passageiros da Ocean Gate não seriam informados dessas e outras preocupações suas, como a de que materiais inflamáveis estavam sendo usados no veículo.

"Os passageiros pagantes não teriam conhecimento e não seriam informados sobre esse projeto experimental, a falta de testes não destrutivos do casco ou que materiais inflamáveis perigosos estavam sendo usados dentro do submersível", diz um dos documentos do processo.