RÚSSIA

Mercenários em rebelião: o que se sabe até agora sobre levante militar contra Defesa de Putin

Presidente russo reconhece que funcionamento de órgãos russos está bloqueado na cidade de Rostov, onde fica o quartel-general militar da ofensiva na Ucrânia

Yevgeny Prigozhin grava vídeo em distrito militar do sul da Rússia, na cidade de Rostov-on-Don - Divulgação / TELEGRAM/ @concordgroup_official / AFP

A rixa entre o governo da Rússia e o grupo paramilitar Wagner ganhou grandes proporções depois que o líder dos mercenários, Yevgeny Prigojin, acusou o Exército da Rússia de bombardear suas bases próximas à linha de frente da guerra da Ucrânia e convocou uma "rebelião armada" contra o comando militar russo. Neste sábado, Prigojin anunciou a tomada de instalações militares na cidade de Rostov, onde está localizado o quartel-general militar da ofensiva contra Kiev.

Como resposta, a Rússia instaurou um "regime de operação antiterrorista" na região de Moscou, e o presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento na televisão no qual reconheceu que a rebelião é uma "ameaça mortal" para o Estado russo e a classificou como uma "punhalada nas costas". Putin acusou Prigojin de "trair" o país por ambições pessoais e prometeu punir os insurgentes.

Veja abaixo o que se sabe até agora sobre o levante militar do grupo Wagner:

Queixas do grupo Wagner
Esta semana, Yevgeny Prigojin acusou o Exército da Rússia de bombardear suas bases próximas à linha de frente com a Ucrânia, convocando uma "rebelião armada" contra o comando militar russo. O magnata e fundador do Wagner criticou duramente o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e a atuação do Exército na ofensiva militar da Rússia, em um novo capítulo em que desafia a liderança militar no Kremlin.

Neste sábado, ele voltou a dizer que "um grande número de territórios" conquistados na Ucrânia "se perderam", e "muitos soldados morreram", acusando o comando russo de não dizer a verdade sobre a situação no front da guerra. De acordo com o líder mercenário, o Exército russo perde "até mil homens por dia", entre mortos, feridos, desaparecidos e aqueles que se negam a combater.

Rebelião e avanço pelo Sul
O líder dos mercenários, Yevgeny Prigojin, gravou vídeos em que anunciava a tomada de controle das instalações militares de Rostov-on-Don, no Sul da Rússia, e exigiu uma reunião com o comando da Defesa do país, ameaçando marchar até Moscou caso as demandas não fossem atendidas. Nas imagens, divulgadas pela plataforma Telegram, Prigojin cobrava que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe das Forças Armadas do país, Valery Gerasimov, fossem a Rostov encontrá-lo.

Reação de Moscou
A Rússia instaurou, neste sábado, um "regime de operação antiterrorista" na região de Moscou, depois que o grupo paramilitar Wagner afirmou ter controlado os territórios militares da cidade de Rostov. O escritório do Wagner em São Petersburgo, por exemplo, foi alvo de buscas de forças militares neste sábado, de acordo com agências locais de notícias.

A medida reforça os poderes dos serviços de segurança e prevê a instalação de inspeções de documentos de identidade e de veículos nas vias. Também autoriza a suspensão temporária dos serviços de comunicação, caso seja necessária. Com isso, todos os eventos e acontecimentos marcados para este sábado em Moscou foram cancelados, anunciou o prefeito da capital russa, Serguéi Sobianin.

Putin fala à nação
O presidente russo, Vladimir Putin, disse neste sábado que o levante militar é uma "punhalada pelas costas" e acusou o líder dos mercenários, Yevgeny Prigojin, de "trair" o país por suas "ambições pessoais". Em pronunciamento na televisão, Putin prometeu punir quem trair as Forças Armadas, destacou que a rebelião é uma "ameaça mortal" para o Estado russo e clamou pela unidade do país, afirmando que não permitirá uma "guerra civil" no território nacional.

Putin assegurou que os rebeldes serão "inevitavelmente punidos". O presidente reconheceu que o cenário em Rostov-on-Don, cidade tomada pelo grupo paramilitar nesta madrugada, é "difícil" e reconheceu que o funcionamento dos "órgãos de administração civil e militar está de fato bloqueado" na cidade, onde fica o quartel-general militar da ofensiva na Ucrânia. No entanto, disse que o governo russo vai adotar medidas para estabilizar a situação.