Financiamento de gasoduto argentino pelo Brasil pode custar até R$ 700 milhões
BNDES deve financiar a exportação de produtos brasileiros em etapa que levará o gasoduto até o Rio Grande do Sul
Sem dinheiro em caixa e em meio a uma grave crise econômica, a Argentina precisaria de algo entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões para financiar a compra de produtos na construção do gasoduto que vai ligar Vaca Muerta, no extremo sul do país, até o Brasil, segundo interlocutores do governo brasileiro. Os recursos, a serem concedidos pelo BNDES, servirão para pagar a importação de itens como chapas e tubos necessários ao empreendimento.
O valor ainda está em negociação. Embora o dinheiro seja do BNDES, o Ministério da Fazenda precisa autorizar o uso do Fundo Garantidor de Exportação (FGE) para o empréstimo. Com cerca de R$ 7 bilhões em caixa, o FGE foi criado para cobrir parcelas não pagas por países que se beneficiam desse instrumento, como é o caso da Venezuela.
— O problema não é o BNDES. Quem negocia garantias é o Ministério da Fazenda. Ou seja, a Fazenda tem que assegurar ao BNDES as garantias para as exportações dos produtos — disse ao Globo o presidente do banco de fomento, Aloizio Mercadante, sem entrar em detalhes sobre como seria a operação.
Técnicos explicaram que a ideia é apoiar a construção do segundo trecho do gasoduto, que ligará diretamente a bacia patagônica de Vaca Muerta, na Argentina, ao estado do Rio Grande do Sul. Com isso, disse um interlocutor, além de serem criados empregos no Brasil, a medida aumentará a oferta de gás ao estado.
No caso da Argentina, o gasoduto — batizado de Néstor Kírchner, em uma referência ao ex-presidente do país vizinho — é considerado estratégico. Isto porque ampliará a capacidade de produção de gás para o país.
Além do gasoduto, o governo brasileiro tem sido demandado pelos argentinos para financiar importações de produtos em geral do Brasil, como insumos industriais. Uma fonte da área diplomática comentou ter ouvido de autoridades do país vizinho que o ideal seria se o valor financiado fosse de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão por mês, em um prazo de seis meses.