Superintendência Regional do Trabalho de PE estreia Comissão de Diversidade e Inclusão no Brasil
Coordenação da Comissão de Diversidade e Inclusão será feita pelo auditor-fiscal Carlos Silva
A Superintendência Regional do Trabalho de Pernambuco estreou, nesta terça-feira (27), a Comissão de Diversidade e Inclusão, sendo a primeira no Brasil. No ofício que institui a criação, o órgão defende que a iniciativa é uma maneira de “fomentar a qualificação do seu quadro de servidores, a fim de propiciar um atendimento acolhedor e adequado às necessidades da população LGBT+ quando for demandado por qualquer dos serviços”.
Ao todo, 13 pessoas farão parte da Comissão. Os nomes serão indicados num prazo de 60 dias pela superintendente regional do Trabalho no Estado, Suzineide Rodrigues.
A coordenação da Comissão de Diversidade e Inclusão ficará sob a responsabilidade do auditor fiscal do Trabalho e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Carlos Silva.
O regimento interno do grupo pioneiro nacional será aprovado 30 dias depois da designação dos membros.
Para a superintendente, o “primeiro passo” será a reeducação da sociedade, sobretudo dos funcionários da instituição, a respeito da forma de tratamento com as pessoas que fazem parte da comunidade. A ferramenta usada para isso será uma cartilha de orientação.
“Muitas vezes, as pessoas não sabem se vão tratar como ‘ele’ ou ‘ela’, e a ideia é distribuir uma cartilha e preparar uma capacitação com os servidores, para que se crie uma nova forma de tratamento. Vamos ter círculos de debates e reuniões”, iniciou.
Ela também falou sobre o pioneirismo da ação no Brasil e a expectativa de que mais gestores se sensibilizem à ação. “Nós temos a intenção de propagar para outros órgãos no Brasil inteiro. É um compromisso de trazer as pessoas para perto do respeito e da dignidade humana. É um desafio, mas um orgulho assumir esse processo de mudança de comportamento”, complementou.
O grupo foi criado através da sugestão do próprio coordenador, Carlos Silva. Ele é casado com o servidor público do Ministério da Saúde Paulo Fabrício de Araújo Tavares e contou que haver participado de eventos educativos voltados ao tema fez com que ele sentisse necessidade de atuar ainda mais na área.
“A ideia surgiu a partir de uma experiência que vivi em um ciclo de palestras pelo Orgulho LGBT+ no TRT de São Paulo, recentemente. Por ocasião de uma reunião de trabalho com a nossa atual superintendente, Suzineide Rodrigues, fiz a sugestão e ela aceitou”, rememorou.
À esquerda, o auditor fiscal que será coordenador da Comissão, Carlos Silva, e, à direita, o servidor público do Ministério da Saúde Paulo Fabrício de Araújo Tavares (Foto: Arquivo pessoal)
Com propriedade, o coordenador exaltou a necessidade de um trabalho voltado ao combate ao preconceito e à tentativa de assegurar direitos, tanto na esfera pública quanto na privada. “Como gay, sinto na pele a necessidade de atenção especializada por parte dos órgãos públicos e das empresas e organizações privadas. A prioridade que darei nos trabalhos é a de garantir vez e voz à população LGBT+ nas atividades e decisões que serão tomadas. Respeito será a palavra de ordem”, garantiu.
Ele ainda lamentou a entrada no mercado formal de trabalho não ser o fim de uma difícil jornada. E sinalizou como pretende mudar esse cenário.
“A população LGBT+ sofre com a exclusão do mercado formal de trabalho e quando está nele, sofre várias formas de violências. Um canal de denúncia especializado, com escuta qualificada, é uma das necessidades que vamos viabilizar”, afirmou.