BRASIL

Lula ironiza Bolsonaro e diz que país teve "cidadãozinho" que quis dar golpe

Na ocasião, Lula foi questionado se acreditava que a Venezuela vivia em um regime democrático

Lula e Bolsonaro - Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou o ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou que o Brasil teve um "cidadãozinho" que "quis dar golpe". Na ocasião, Lula foi questionado se acreditava que a Venezuela vivia em um regime democrático, mas respondeu que "muitas vezes a oposição não aceita" o resultado eleitoral e criticou o ex-presidente na sequência.

— Em 2001, eu tinha apenas 20 dias de governo eu criei o grupo de amigos da Venezuela. Participou EUA, Espanha, Brasil, Argentina e parece que Canadá. E conseguimos fazer com que aconteça o referendo lá. O referendo foi legítimo. Foi um resultado eleitoral e muitas vezes a oposição não aceita.

Lula completou:

— Não tivemos um cidadão aqui, um sabidinho que não quis aceitar o resultado eleitoral? Não tivemos um cidadãozinho aqui que quis dar golpe no dia 8 de janeiro? Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral. Nem todo mundo é como Lula, que perdeu do Collor e aceitou o resultado, que perdeu duas vezes do Fernando Henrique Cardoso e aceitou o resultado, vai para a casa lamber as suas feridas, como diria o Brizola e se prepara para outra luta.

Lula deu as declarações durante entrevista para a Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira.

Em seguida, Lula afirmou ainda que as "pessoas precisam aprender a respeitar o resultado das eleições" e que não é "correto a interferência de um país dentro de outro país". O presidente criticou o dirigente opositor na Venezuela Juan Guaidó, que chegou a ser reconhecido como presidente interino pelos EUA e mais 50 países, incluindo o Brasil, durante o governo de Bolsonaro, do início de 2019 a janeiro de 2023.
 

— As pessoas precisam aprender a respeitar o resultado das eleições. O que não está correto é interferência de um país dentro de outro país. O que fez o mundo tentando elger o Guaidó presidente da Venezuela, um cidadão que não tinha sido eleito, se a moda pega não tem mais garantia na democracia e garantia do mandato das pessoas. Quem quiser derrotar o Maduro, derrote nas próximas eleições. Agora vai ter eleição. Derrota e assuma o poder. Vamos lá fiscalizar. Se não tiver uma eleição honesta a gente fala.

Após uma tentativa fracassada de tirar Maduro do poder a qualquer custo, o opositor acabou perdendo legitimidade interna e externamente.

Nicarágua
Durante a entrevista, Lula afirmou ainda que vai conversar com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, para "resolver os problemas com a igreja".

— Temos um problema na Nicarágua, eu vou conversar com o presidente da Nicarágua, porque tenho relação para conversar, porque eu acho que tem que resolver os problemas com a igreja. Mas cada país toca o seu destino.

Desde os protestos contra o governo de Ortega, em 2018, o ditador endureceu o regime e passou a perseguir quem faz oposição. O bispo Rolando Álvarez, por exemplo, foi condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por, entre outras acusações, atentar contra a integridade nacional.

O religioso estava detido desde agosto do ano passado por conspiração e se recusou a ser deportado aos Estados Unidos com outros 222 opositores libertados e expulsos do país com a pecha de "traidores da pátria".

Em Roma, na semana passada, Lula declarou que negociará pessoalmente com Daniel Ortega para libertá-lo. Também disse que Ortega deveria ter “a coragem” de reconhecer que houve um erro.