Lula afirma que conversará com Daniel Ortega para 'resolver problemas com a igreja'
Presidente tenta negociar a libertação do bispo católico Rolando Alvarez, um dos alvos da perseguição religiosa na Nicarágua
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira que vai conversar o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, para "resolver os problemas com a igreja". Lula, desde que foi recebido pelo Papa Francisco, na semana passada, tenta negociar a libertação do bispo católico Rolando Alvarez, um dos alvos da perseguição religiosa no país caribenho.
— Temos um problema na Nicarágua, eu vou conversar com o presidente da Nicarágua, porque tenho relação para conversar, porque eu acho que tem que resolver os problemas com a igreja. Mas cada país toca o seu destino — afirmou Lula durante entrevista para a Rádio Gaúcha.
Desde os protestos contra o governo de Ortega, em 2018, o ditador endureceu o regime e passou a perseguir quem faz oposição. O bispo Rolando Álvarez, por exemplo, foi condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por, entre outras acusações, atentar contra a integridade nacional.
O religioso estava detido desde agosto do ano passado por conspiração e se recusou a ser deportado aos Estados Unidos com outros 222 opositores libertados e expulsos do país com a pecha de "traidores da pátria".
Em Roma, na semana passada, Lula declarou que negociará pessoalmente com Daniel Ortega para libertar o religioso. Também disse que Ortega deveria ter “a coragem” de reconhecer que houve um erro.
As declarações de Lula ocorrem no mesmo dia em que o petista participa do "Foro de São Paulo", encontro que reúne partidos de esquerda da América Latina e do Caribe. Como mostrou o Globo, Lula e aliados do PT traçaram uma estratégia para se distanciar do regime de Daniel Ortega. A cúpula inclui convidados de regimes totalitários na região, como políticos ligados ao líder sandinista.
Entre petistas, há a preocupação de que o governo da Nicarágua seja associado ao PT e a Lula durante a realização do Foro. É esperado que o presidente faça menção à perseguição aos opositores na Nicarágua durante sua participação na cúpula.