Inteligência Artificial

Jornais e editoras avaliam formar coalizão para negociar com empresas de Inteligência Artificial

Uma das preocupações do grupo, que inclui NYT e Wall Street Journal, é que robôs como ChatGP sejam treinados com conteúdo produzido por eles sem compensação financeira

Inteligência artificial - Kacper Pempel

O uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) vem sendo tema de discussões entre diferentes veículos de notícias, que avaliam a formação de uma coalizão para lidar com o tema. De acordo com o Wall Street Journal (WSJ), participam do debate jornais como o New York Times (NYT) e o próprio WSJ.

Além deles, Vox Mídia; Advance, que controla a Condé Nast; Axel Spinger, dono do Insider e do Politico; e a IAC, também integram o grupo, disseram fontes ao jornal americano.

Essa aproximação entre editoras e veículos de notícias que competem entre si não é comum, mas segundo o WSJ é uma indicação do impacto que a tecnologia representa para o setor. Entretanto, apesar das conversas, uma coalização formal não é dada como certa.

De acordo com o jornal americano, não há proposta definida nem a certeza de que as editoras vão participar. Isso porque, apesar de concordarem que precisam de estratégias para proteger seus negócios, suas diferenças são “um obstáculo na hora de definir uma agenda comum”, escreveu o WSJ.

Busca por compensação
A IA do tipo generativa, como o ChatGPT, está se popularizando em função da sua capacidade de criar conteúdos, incluindo texto, imagens e até áudio. Por outro lado o chatbot vem provocando debates relacionados a privacidade e desinformação.

Nos últimos meses, os executivos de publicações vêm se debruçando sobre como os conteúdos que produzem foram usados para alimentar o banco de dados do ChatGPT e outras ferramentas similares. Eles discutem como devem ser compensados por isso e quais as alternativas legais.

“É particularmente preocupante que as ferramentas forneçam informações diretamente aos usuários, eliminando a necessidade de seguir links para fontes de informação, como artigos”, escreveu o Wall Street Journal.

Antes da popularidade da IA generativa, produtores de conteúdo já vinham buscando compensação pelo uso de suas notícias por grandes plataformas digitais, como Google e Facebook. Mas a maior parte dos acordos era fechada individualmente.

A News Corp, dona do WSJ, por exemplo, e a New York Times Co, que edita o NYT, fecharam acordos separados com a Alphabet, dona da Google. Mas a tendência a uma parceria tem se mostrado uma tendência agora.

A News Media Alliance, que representa alguns grandes veículos de notícias, pressiona o governo americano para criar uma legislação que permita a negociação coletiva com as plataformas digitais, visando à remuneração por uso de seu conteúdo.

O Wall Street Journal procurou a OpenAI, criadora do Chat GPT, mas a empresa não respondeu o pedido de comentário.