Tecnologia

Criadora do ChatGPT é processada por roubo de dados privados para treinar inteligência artificial

OpenAI é acusada de se apropriar secretamente de 300 bilhões de palavras da internet; Microsoft também é citada e se torna réu

Site do ChatGPT - Katarina Bandeira/Folha de Pernambuco

A criadora do ChatGPT, a OpenAI, está sendo acusada de roubar “grandes quantidades” de informações pessoais para treinar seus modelos de inteligência artificial. A denúncia foi feita por um grupo de indivíduos durante uma ação judicial que busca status de ação coletiva.

De acordo com o processo de 157 páginas, a OpenAI teria violado leis de privacidade ao se apropriar secretamente de 300 bilhões de palavras da internet, por meio de livros, artigos e postagens, incluindo informações pessoais obtidas sem o consentimento. A ação acusa ainda a empresa de arriscar um “colapso civilizacional".

A Microsoft, que planeja investir US$ 13 bilhões na OpenAI, também foi citada como réu.

Uma das leis citadas é a de Fraude e Abuso de Computadores, um estatuto federal anti-hacking que já foi invocado em disputas anteriores. A ação também inclui alegações de invasão de privacidade, roubo, enriquecimento sem causa e violações da Lei de Privacidade das Comunicações Eletrônicas.

'Uma abordagem diferente: o roubo'
Em busca de lucros, a OpenAI abandonou seu princípio original de avançar a inteligência artificial "da maneira que é mais provável que beneficie a humanidade como um todo", alegam os demandantes. O processo coloca a receita esperada da ChatGPT para 2023 em US$ 200 milhões.

Os autores do processo afirmam que a OpenAI está se apropriando indevidamente de dados pessoais em larga escala para vencer uma "corrida armamentista de IA".

Tais integrações permitem que a empresa colete dados de imagem e localização do Snapchat, preferências de música no Spotify, informações financeiras do Stripe e conversas privadas no Slack e no Microsoft Teams, de acordo com o processo.

"Apesar dos protocolos estabelecidos para a compra e uso de informações pessoais, os réus adotaram uma abordagem diferente: o roubo", alegam os demandantes na ação civil pública.

O popular programa de chatbots da empresa, o ChatGPT, e outros produtos usariam informações privadas de usuários da internet — incluindo crianças —sem permissão prévia.

Os autores da ação são descritos por suas ocupações ou interesses e identificados apenas pelas iniciais por medo de uma reação da empresa, disse o escritório de advocacia Clarkson no processo.

Eles citam US$ 3 bilhões em danos potenciais, com base em uma categoria de indivíduos prejudicados que estimam estar na casa dos milhões. Os demandantes também estão pedindo ao tribunal que congele temporariamente o acesso comercial e o desenvolvimento adicional dos produtos da OpenAI.

Procuradas, a OpenAI e a Microsoft não responderam aos pedidos de comentários sobre o assunto.

Perigos da IA
O ChatGPT e outros aplicativos generativos de IA despertaram intenso interesse na promessa da tecnologia, mas também provocaram uma tempestade sobre privacidade e desinformação. O Congresso está debatendo o potencial e os perigos da IA, já que os produtos levantam questões sobre o futuro das indústrias criativas e a capacidade de distinguir fatos de ficção.

O próprio CEO da OpenAI, Sam Altman, em depoimento no Capitólio no mês passado, pediu regulamentação da tecnologia. Mas o processo se concentra em como a OpenAI conseguiu as informações iniciais de seus produtos para começar.