Comissão apresenta relatório que recomenda reparações por racismo na Califórnia
Foram três anos de trabalho para documento com mais de mil páginas
Um grupo de trabalho formado na Califórnia entregou ao Legislativo nesta quinta-feira (29) um relatório contendo mais de 100 recomendações para lidar com o impacto econômico do racismo e compensar a desigualdade criada desde os anos de escravidão.
Após três anos de trabalho, o relatório histórico do grupo recomenda que a Califórnia aprove "um pagamento inicial substancial em conceito de reparações" e apresente um pedido público de desculpas.
Segundo o documento, de mais de 1.000 páginas, a população negra do estado foi vítima de expropriações e diversos tipos de discriminação, além de representar números desproporcionais de encarceramento.
O documento não estabelece cifras específicas, e sim uma fórmula para calcular o valor das indenizações individuais, que poderiam chegar, dependendo das circunstâncias, a pouco mais de 1 milhão de dólares (5 milhões de reais).
“As reparações são apropriadas, justificadas, necessárias, indispensáveis”, disse o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, que pediu ao Legislativo do estado que "considere cuidadosamente como traduzir as propostas" em fins práticos.
O relatório detalha que, embora a Califórnia não fosse um dos estados escravistas do país, permitiu que muitos brancos se estabelecessem com seus escravos e continuassem a tratá-los desta forma. Também aponta que a Ku Klux Klan era muito atuante no estado, e que a segregação era tão implacável quanto em outros lugares.
O Legislativo tem, agora, a responsabilidade de analisar as propostas e decidir sobre os próximos passos, que devem passar pelas mãos do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
A Califórnia foi o primeiro estado americano a designar um grupo de trabalho para analisar o impacto econômico do passado escravocrata dos Estados Unidos.