FRANÇA

Protestos por morte de jovem na França chegam à terceira noite consecutiva

Equipamentos e prédios públicos voltaram a ser incendiados por manifestantes, que entraram em confronto com policiais em cidades pelo país; mais de 100 foram presos

Bombeiros apagam incêndio em Lille, no norte da França - Kenzo Tribouillard/AFP

A onda de protestos violentos pela morte do jovem Nahel, de 17 anos, baleado por um policial na França, continuou pela terceira noite consecutiva nesta quinta-feira (29), em diversas cidades pelo país. Apesar do reforço de 40 mil agentes de segurança no efetivo ativo, manifestantes saíram às ruas em diferentes regiões francesas. Um balanço oficial apontava que 176 pessoas tinham sido presas até a meia-noite.

As manifestações começaram na terça-feira, nos arredores de Paris, e se estendeu a outras partes da França. Em uma comunicação interna, as forças de segurança previam a "generalização" da violência nas noites seguintes, incluindo "ações dirigidas às forças de ordem e aos símbolos do Estado", segundo uma fonte policial.

— Não culpo a polícia, culpo uma pessoa: a que tirou a vida do meu filho — disse a mãe de Nahel, Mounia, em uma entrevista ao canal France 5, em sua primeira entrevista desde a morte do filho. Segundo ela, o agente de 37 anos, em prisão preventiva desde o ocorrido "viu o rosto de um árabe" e quis matá-lo.

Laurent-Franck Liénard, advogado do policial que matou o adolescente, disse que ele pediu perdão à família da vítima nesta quinta.

— As primeiras palavras que ele pronunciou eram para pedir perdão, e as últimas, para pedir perdão à família", declarou Laurent-Franck Liénard ao canal BFMTV. — Meu cliente ficou extremamente comovido com a violência desse vídeo, ao qual assistiu pela primeira vez quando estava sob custódia da polícia. Ele está destruído. Não acorda de manhã para matar gente. Não quis matar — acrescentou.
 

A Justiça decretou a prisão preventiva do policial, de 38 anos, por homicídio doloso. O advogado anunciou que irá recorrer amanhã da prisão preventiva de seu cliente.

A mãe de Nahel liderou uma marcha de protesto na cidade de Nanterre, a Oeste de Paris, que terminou com confrontos com a polícia, equipamentos urbanos incendiados e disparos de gás lacrimogêneo. Durante a noite, bases policiais e outros prédios públicos, incluindo escolas, foram queimados. Ao menos 170 agentes de segurança ficaram feridos tentando conter o tumulto.