JULGAMENTO DE BOLSONARO

Dona de frases de efeito: quem é Cármen Lúcia, ministra que pode ter voto decisivo contra Bolsonaro

Magistrada será a primeira apresentar seu parecer nesta sexta-feira

Ministra Cármen Lúcia em sessão do TSE - Reprodução

A primeira ministra a votar no julgamento de Jair Bolsonaro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta sexta-feira, será a Cármem Lúcia, atual vice-presidente da Corte. Como o placar parcial está 3 votos a 1 pela condenação do ex-presidente, se a magistrada seguir mesmo entendimento será a responsável por formar a maioria pela inelegibilidade de Bolsonaro. Esta não será, no entanto, a primeira vez que a minsitra conhecida por suas frases de efeito durante as votações, se torna destaque dentro do cenário político.

Cármem Lúcia ganhou diversos prêmios de instituições e entidades públicas e privadas, inclusive o prêmio Faz Diferença, do GLOBO, ao proferir em novo contexto a famosa frase “cala a boca já morreu”. Retirada de velha e conhecida musiquinha infantil popular, a sentença foi imortalizada pela ministra na ação que julgava a inconstitucionalidade de autorização prévia para biografias, em junho de 2015. Cármen Lúcia foi a relatora que arrebatou a todos com o seu voto. O Supremo acompanhou a ministra por unanimidade.

Em parecer recente, também foi Cármem Lúcia que determinou a ida do tenente-coronel Mauro Cid e o tenente-coronel Jean Lawand Jr. à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro no Congresso.

Mineira de Espinosa, Cármem foi a primeira mulher a assumir o comando da Justiça Eleitoral, em 2012. Indicada para o Superior Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 2006, a ministra viveu também momentos de apreensão em sua trajetória nas Cortes Superiores. No caso mais recente, foi alvo de ataques misóginos feitos pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson. Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele chamou Cármen Lúcia de "bruxa de Blair", além de compará-la com uma prostituta.

A gravação gerou a reação de ministros, como o próprio Alexandre de Moraes, que publicou uma nota de repúdio à fala do ex-parlamentar. A presidente do STF, a ministra Rosa Weber, também se manifestou sobre o tema, afirmando que a agressão à colega foi "sórdida e vil" e que trata-se de "expressão da mais repulsiva misoginia". Após o episódio, o STF determinou a volta de Roberto Jefferson à cadeia.

A magistrada chegou a comentar o episódio em discurso no plenário da Corte, ressaltando que a tarefa não é fácil, “menos ainda em horas de tentativa de subversão ou erosão democrática”.

— Vários de nós passamos, nesses últimos tempos, especialmente, talvez diferente de outros períodos, mas que já deve ter se repetido em outros períodos, por agruras que vão além de qualquer civilidade — afirmou a ministra.

Cármem Lúcia foi alvo do próprio Jair Bolsonaro, alvo da ação julgada nesta sexta-feira no TSE. Como analisou a colunista Malu Gaspar, entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022, Bolsonaro chegou a acusar Cármen de fazer “de tudo” para que Lula se elegesse presidente. Bolsonaro também atacou a ministra por causa de decisões e votos que contrariam os interesses de seu governo.