INELEGÍVEL

Enterro, salão de beleza e churrasco com deputados: os passos de Bolsonaro no dia da condenação

Ex-presidente estava em Belo Horizonte quando foi condenado pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação

Bolsonaro em dia de condenação no TSE - Reprodução

Condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro estava em Belo Horizonte quando soube que havia se tornado inelegível. O motivo da viagem foi o sepultamento do ex-ministro da Agricultura no governo Ernesto Geisel, na ditadura militar, Alysson Paolinelli.

O dia de Bolsonaro na sexta-feira começou no sepultamento de Paolinelli, no cemitério Parque da Colina, no bairro de Nova Cintra, na região Oeste da capital mineira. O ex-presidente acompanhou o cortejo e apareceu visivelmente emocionado. Na noite anterior, por volta das 23h, ele havia comparecido ao velório do ex-ministro, que ocorreu no Palácio da Liberdade.

Em seguida, Bolsonaro foi à churrascaria Adega Steak House, onde se encontrou com deputados mineiros. A coletiva de imprensa que concedeu logo após a decisão do TSE ocorreu no interior do estabelecimento localizado em Gutierrez, também na região Oeste.

No local, ele almoçou com políticos do estado como Eros Biondini, Domingos Sávio, Cabo Junio Amaral e Bruno Engler. Enquanto o ex-presidente comia e bebia refrigerante, os políticos discursaram, com a ajuda de um microfone, para ele. As mensagem, em suma, traziam agradecimentos ao "legado" promovido pelo mandato.

— Obrigada por tudo que fez pelo Brasil, por ter resgatado o senso de patriotismo. Eu tenho um filho que hoje está seguindo o tiro de guerra por sua causa — disse o deputado estadual Eduardo Azevedo.

Antes de deixar a capital mineira, o ex-presidente ainda esteve em um salão de beleza na região Noroeste da capital para cortar o cabelo. Após finalizar o serviço, posou para fotos com apoiadores.

No fim da tarde, retornou para Brasília e foi recepcionado com gritos de "inelegível" por parte da oposição. Após falar com jornalistas, Bolsonaro seguiu para a sua residência, no bairro Jardim Botânico, onde mora desde que deixou a Presidência. Neste sábado, ainda não fez aparição pública.

Agendas em meio a crises
A rotina corriqueira em dias de crise não é algo novo na vida política de Bolsonaro. Muito antes da condenação do TSE, o então presidente não evitava lugares públicos. Em abril de 2020, quando enfrentava duras críticas pelo alto número de mortos, o então mandatário chegou a ir a uma padaria perto de casa para beber refrigerante.

— Parei em uma padaria agora para tomar uma Coca-Cola — disse, à época, quando foi questionado sobre sua postura contra o isolamento social.

Em janeiro de 2021 repetiu a atitude quando saiu para andar de moto na capital e recebeu perguntas sobre os protestos que pediam seu impeachment. Naquela manhã, parou em uma barraca de frutas e retornou para casa.