Mercosul

Brasil promete fortalecer integração financeira do Mercosul durante gestão de Lula à frente do bloco

O chanceler não citou especificamente a chamada 'moeda comum', tema que ganhou prioridade na gestão petista

Ministro das Relações Exteriores, chanceler Mauro Vieira - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, chanceler Mauro Vieira, disse nesta segunda-feira que o Brasil irá trabalhar para fortalecer "a integração financeira" do Mercosul durante os próximos seis meses, período no qual o governo brasileiro irá assumir a presidência temporária do bloco. O chanceler não citou especificamente a chamada "moeda comum", tema que ganhou prioridade na gestão petista, mas disse que a diplomacia vai tentar ampliar o Sistema de Pagamento em Moeda Local do Mercosul (SML).

— Outra pauta com grandes desdobramentos para o comércio no Mercosul é a de integração financeira, que deve ser fortalecida. Considero que o principal caminho, a curto prazo, deve ser a ampliação do uso da opção de que já dispomos: o Sistema de Pagamento em Moeda Local do Mercosul (SML), que possibilita aos exportadores e importadores dos países sócios transacionarem em suas respectivas moedas locais — disse. — O Brasil tem simplificado os procedimentos de operacionalização do SML e ampliado a cobertura de instituições elegíveis a operar o sistema. Seguiremos engajados nos trabalhos da Comissão de Sistemas de Pagamentos Transfronteiriços, que iniciou seus trabalhos durante esta PPTA, comissão que, recordo, foi criada com o objetivo de trabalhar para o aprimoramento do SML.

Mauro Vieira assumiu o compromisso durante a reunião de abertura da 62ªcúpula de presidentes do Mercosul, que começou oficialmente nesta segunda-feira em Puerto Iguazú, cidade argentina localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e a própria Argentina.

O discurso do chanceler brasileiro foi feito na presença dos ministros das Relações Exteriores e da Fazenda de cada país do Mercosul. Isso porque amanhã a Argentina passará o comando temporário do bloco para o Brasil, pelos próximos seis meses.

O tema tem sido lembrado pelo governo petista desde que Lula voltou ao poder. No último mês de maio, por exemplo, durante reunião entre o presidente brasileiro e os líderes das 12 nações sul-americanas, em Brasília, o presidente brasileiro fez um discurso defendendo "aprofundar a identidade monetária" por meio da criação de uma moeda comum para o comércio entre os países.

Na avaliação do presidente, isso não irá prejudicar os Estados Unidos, país que emite o dólar. Por outro lado, argumentou ele na ocasião, ficará "cada vez mais difícil", sem essa mudança, manter o comércio bilateral na região.

— A gente quer repetir o mesmo erro do passado ou queremos uma nova negociação? Por que nós no Brasil e Argentina não podemos negociar nas nossas moedas Se a gente não fizer isso, o comércio fica cada vez mais difícil. Comprar dólar para vender meus produtos não é correto — defendeu.