Israel

Centenas de israelenses protestam no aeroporto de Tel Aviv contra reforma judicial

Quatro pessoas foram detidas por violação da ordem pública, de acordo com a polícia

Israelenses protestam no aeroporto de Tel Aviv contra reforma judicial - Jack Guez/AFP

Várias centenas de israelenses se manifestaram, nesta segunda-feira, no aeroporto internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, contra a reforma do Judiciário promovida pelo governo do primeiro-ministro conservador, Benjamin Netanyahu. "A democracia vencerá", escreveram os manifestantes em cartazes, enquanto bloqueavam a entrada de veículos no principal terminal do aeroporto.

Quatro pessoas foram detidas por violação da ordem pública, de acordo com a polícia. Os manifestantes também se reuniram em Tel Aviv, onde há protestos todos os sábados desde janeiro, em uma das maiores mobilizações sociais da história do país.

— A mobilização realmente mostrou que não podem fazer o que querem, não tão fácil — disse Smadar Bonne, de 46 anos.

Os críticos da reforma judicial, que protestam pelas ruas do país todas as semanas desde que ela foi anunciada, em janeiro, alertam que ela levará o país a uma deriva antiliberal ou autoritária. Mas o governo insiste que pretende equilibrar o poder reduzindo as prerrogativas da Suprema Corte, que considera politizada, em favor do Parlamento.

Pressionado pelas ruas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou na semana passada ter abandonado uma cláusula importante da reforma, chamada cláusula de "anulação", que permitiria ao Parlamento derrubar uma decisão da Suprema Corte por maioria simples. No anúncio, o premier também afirmou que parte do plano que prevê à coalizão governista influência decisiva na nomeação de juízes, seria alterada, mas não descartada. Os protestos, no entanto, continuam, mesmo sem atrair multidões como de início.

Aos ataques à democracia soma-se o aumento da violência na ocupada Cisjordânia. As tensões neste ano já deixaram dezenas de palestinos mortos, acentuados pelas promessas do governo de expandir os assentamentos considerados ilegais pelo direito internacional.

Nesta segunda-feira, Israel lançou seus piores ataques contra o território ocupado da Cisjordânia em quase duas décadas, com bombardeios aéreos e o deslocamento de cerca de mil soldados que já deixaram ao menos oito palestinos mortos

Formado em dezembro com o apoio de partidos de extrema direita e legendas judaicas ultraortodoxas, o governo de Netanyahu é o mais de direita da História israelense.