Deepfake e redes neurais: entenda como foi feito o dueto entre Maria Rita e Elis Regina
Peça publicitária fez uso de recurso de tecnologia de inteligência artificial, que recriou imagem de rosto de famosa cantora
Um dueto novíssimo (e inédito) entre Elis Regina, morta há 41 anos, e a filha dela, a cantora Maria Rita, se tornou o assunto mais comentado na internet nesta terça-feira (4). A produção — que impressiona pelo elevado nível de realismo — só foi possível graças a uma tecnologia de inteligência artificial conhecida como "deepfake", um dos temas abordados pela última novela das 21h "Travessia", de autoria de Glória Perez.
Produzida para comemorar os 70 anos da Volkswagen no Brasil, a peça publicitária utilizou o recurso que permite criar adulterações realistas com o rosto de pessoas. Explica-se: para que a mãe de Maria Rita aparecesse num vídeo lançado em 2023, uma atriz foi usada para se passar pela cantora. O rosto de Elis Regina foi então inserido, em seguida, por cima da face da dublê. E, pronto, está lá Elis Regina, numa imagem nítida e realista, cantarolando enquanto dirige uma kombi.
Segundo a Volkswagen, o processo de edição contou com a ajuda de uma tecnologia de redes neurais artificiais, que fez uma mistura entre o rosto da dublê e da imagem recriada de Elis Regina. A voz da música inserida no vídeo é original da cantora.
O que é deepfake?
Deepfake é uma técnica com uso de inteligência artificial que possibilita alterar o rosto ou a voz de uma pessoa em fotos ou vídeos. Em português claro, tratam-se de fotos ou vídeos em que o rosto de uma pessoa aparece no corpo de outra.
Recentemente, por exemplo, a cantora Anitta foi vítima de deepfake, e o caso foi parar na Justiça. A funkeira teve seu rosto e voz inseridos no corpo de uma atriz num vídeo pornográfico que passou a ser compartilhado em grupos de WhatsApp. "Trata-se de ação criminosa que utiliza de recursos digitais para enganar o público", afirmou a assessoria da artista, à época.
Diretor já foi premiado em Cannes
A produção para a marca de veículos automotores foi dirigida por Dulcídio Caldeira, nome por trás de outra campanha publicitária que também viralizou recentemente nas redes sociais. É dele a assinatura do filme que juntou a atriz Fernanda Montenegro e a pequena notável bebê Alice para uma campanha de fim de ano do Itaú Unibanco.
Curitibano que iniciou a carreira de redator publicitário há mais de duas décadas, Dulcídio Caldeira coleciona prêmios importantes no setor e já foi laureado em Cannes — pela criação do comercial "Balões" (relembre abaixo), para a MTV Brasil, em 2011.
Com a agência Boiler, que ele fundou em 2016, Dulcídio criou campanhas emotivas (e de sucesso) com a pequena bebê Alice, criança de 3 anos que virou fenômeno na internet ao aparecer em vídeos falando palavras difíceis. Num comerciais para a mesma instituição bancária, ela divide a cena com Fernanda Montenegro.