Líderes indígenas pedem respeito a resultados das eleições na Guatemala
Os indígenas viajaram de suas comunidades até a capital, onde se dirigiram à Corte de Constitucionalidade
Líderes indígenas da Guatemala pediram, nesta quarta-feira (5), respeito aos resultados das eleições de junho, após uma decisão judicial determinar a recontagem dos votos por suspeita de irregularidades.
"Este é um momento histórico para o povo da Guatemala (...) Exigimos e convidamos outros setores a se somarem porque estão fragilizando a nossa democracia, liberdade e igualdade", disse à imprensa Luis Pacheco, presidente da junta de prefeitos dos 48 cantões (unidades administrativas) do departamento (estado) de Totonicapán (sudoeste).
Os indígenas viajaram de suas comunidades até a capital, onde se dirigiram à Corte de Constitucionalidade (CC) para exigir que a instituição revogue a decisão de rever a contagem dos votos e respeite os resultados divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).
Com 95% dos votos apurados, a social-democrata Sandra Torres, ex-mulher do ex-presidente Álvaro Colom (2008-2012), terminou em primeiro lugar entre 22 candidatos nas eleições de 25 de junho, com 15,86% dos votos, seguida, surpreendentemente, por Bernardo Arévalo, filho do ex-presidente reformista Juan José Arévalo (1945-1951), que obteve 11,77% dos votos.
Os dois deveriam se enfrentar em um segundo turno, previsto para 20 de agosto.
Mas a CC deferiu um recurso de nove partidos de direita que, após a derrota nas urnas, impugnaram os resultados das eleições.
A recontagem começou na terça-feira.
A decisão da corte guatemalteca gerou descontentamento dentro e fora do país.
Entre os partidos que impugnaram o pleito estão o governista Vamos, com Manuel Conde (terceiro colocado no primeiro turno, com 7,84% dos votos), e Valor, com Zury Ríos, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983), já falecido.
"Buscamos defender a democracia, a soberania e a vontade do povo", afirmou Pacheco.
O líder indígena esclareceu que a iniciativa é apolítica e que a única coisa que seu grupo pretende é fortalecer a democracia e o Estado de direito.
"Não vamos incentivar o voto em alguém ou no partido X, simplesmente [queremos] que ocorra o segundo turno e que o povo decida, fácil assim, e vamos respeitá-lo", assegurou.
No entanto, o líder alertou que poderiam "mobilizar a população" se continuarem utilizando as cortes judiciais em um tema eleitoral.
Os indígenas representam 42% da população da Guatemala, de 17,6 milhões de habitantes, segundo números oficiais.