BRASIL

Lula e Daniela Carneiro se reúnem para definir saída de ministra: entenda a crise em oito pontos

Turbulência no Ministério do Turismo se arrasta há três meses; deputado Celso Sabino é o mais cotado para o posto

Waguinho posta foto da reunião com Lula no Palácio do Planalto

Após três meses de crise, a saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo será selada na tarde desta quinta-feira (6), em uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra perdeu o apoio da bancada do União Brasil e deverá ser substituída pelo deputado Celso Sabino.

Relembre os principais momentos da turbulência que se arrasta desde o início de abril.

Desfiliação é início da crise
Em choque com o comando nacional do União Brasil, a ministra do Turismo e deputados da bancada do Rio decidiram pedir desfiliação. O desentendimento começou com a movimentação do vice da sigla, Antonio Rueda, para retirar o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, da direção estadual do União.

A gota d'água da briga, porém, foi a negociação de Bivar e Rueda com o governador do Rio para preencher cargos no Rioprevidência e no Detran. Os parlamentares reclamaram que nem sequer foram consultados sobre as indicações. Com a movimentação, o presidente do partido, Luciano Bivar, afirmou que rejeitava perder o comando do ministério. Com o acirramento da crise, Daniela perdeu o apoio da bancada.

Derrotas do governo
Derrotas do governo no Congresso, como o revés no marco do saneamento e a negociação atribulada para conseguir aprovar a Medida Provisória (MP) que reestruturou ministérios, deixaram explícitos os problemas de articulação política. Como o União Brasil esteve do lado oposto dos interesses do Palácio do Planalto em mais de um momento, o cenário aumentou a pressão por uma troca que unificasse a bancada. Lula, no entanto, foi adiando a decisão.
 

Recado de Lira
Depois da aprovação conturbada da MP dos Ministérios, o presidente da Câmara, Arthur Lira, deu o recado de que não estaria mais disposto a colaborar com o Executivo se não houvesse uma guinada na relação com o Congresso. O nome do deputado Celso Sabino (União-PA), aliado de Lira, começou a ganhar força na bancada como substituto de Daniela. O ministro das Relações Institucionais reconheceu no início de junho a possibilidade de mudança no ministério, em acordo com o União Brasil.

Waguinho reage
Com o aumento da pressão, Waguinho assumiu a dianteira da operação para manter Daniela no cargo. Ao Globo, classificou como um erro a possível saída e disse que esperava um gesto do Planalto para continuar ao lado de Lula. “Temos que saber quais são as contrapartidas”.

Lula viaja e esfria
Com uma série de compromissos internacionais na agenda, Lula esfriou a ofensiva de aliados que tentavam convencê-lo a fazer a mudança o quanto antes. Nas últimas semanas, o presidente esteve na Itália, na França e na Argentina, para a Cúpula do Mercosul. Neste período, interlocutores afirmavam que o assunto só seria resolvido quando ele voltasse.

Sobrevida com reunião ministerial
Lula e Daniela se reuniram no Planalto, e a ministra ganhou uma sobrevida no cargo. No encontro, no entanto, ela foi avisada que a perda de apoio junto à bancada tornava a situação insustentável. Na reunião ministerial, ela apresentou o balanço do período em que esteve na pasta. Em um evento há três semanas, ela afirmou que “seguia na luta”.

Contrapartidas acertadas
Como mostrou O Globo, o Planalto acertou com Daniela e Waguinho a construção de um hospital e de um instituto federal em Belford Roxo como contrapartidas para a saída dela do Ministério do Turismo. Waguinho chegou a subir o tom contra Padilha, mas depois recuou e afirmou que ele e o ministro haviam “selado a paz”.

Saída sacramentada
Uma reunião na tarde desta quinta-feira entre Lula, Padilha e Daniela vai selar a saída da ministra, que entregará uma carta em que deixará o cargo “à disposição”. A expectativa é que Sabino assuma o cargo já nos próximos dias.