vulcão

Após 17 explosões, Peru declara estado de emergência devido à atividade do vulcão Ubinas

A medida afeta sete distritos na região de Moquegua, no sul do país, onde não havia episódios de risco desde 2019

Um homem em frente ao vulcão Ubinas, em Moquegua, no Peru - AFP

Desde a manhã de terça-feira (4), uma chuva de cinzas colocou em risco pelo menos 2 mil pessoas no sul do Peru. O Ubinas, o vulcão mais ativo entre as 400 estruturas vulcânicas do país andino, voltou a causar preocupação nas cidades vizinhas e das autoridades. Desde sua primeira explosão, que formou uma coluna de cinzas de até cinco quilômetros, e se dispersou em um raio de 10 quilômetros, já são 17 nos últimos dois dias. Os afetados concordam que é difícil respirar graças às cinzas e a poeira que cobrem suas casas, além do cheiro de combustível queimado.

Na quarta-feira (5), o Conselho de Ministros aprovou a declaração do estado de emergência em sete distritos da província de General Sánchez Cerro, em Moquegua, por 60 dias. Devido à situação de emergência, as aulas foram suspensas em 15 escolas.

“Identificamos que a população e as áreas de cultivo estão expostas a um risco muito elevado devido ao processo eruptivo do vulcão Ubinas, em condição de perigo iminente”, diz o decreto.

A última vez que o Ubinas, localizada na região de Moquegua, apresentou atividade vulcânica foi em julho de 2019. Suas explosões, que duraram três meses, chegaram a oito quilômetros acima da cratera e se dispersaram por um raio de 250 quilômetros. Embora o Instituto Geofísico do Peru (IGP) tenha previsto que esta erupção será apenas moderada, sua duração ou sua real magnitude não podem ser detalhadas.

O documento do Conselho de Ministros justifica o estado de emergência, argumentando que “foi excedida a capacidade de resposta do governo regional de Moquegua, pelo que se impõe a intervenção técnica e operacional das entidades governamentais”. O primeiro-ministro, Alberto Otárola, explicou que a medida vai permitir ações imediatas e excecionais para reduzir o risco, além de intervenções de resposta e reabilitação.

"A tarefa central do governo é proteger a população."

Uma das dificuldades para enfrentar as explosões do vulcão Ubinas é onde alojar os cidadãos que serão retirados. O abrigo de Sirahuaya, localizado a 12 quilômetros da cratera, não funciona desde sua criação em 2019. Agora, autoridades locais estão trabalhando contra o relógio para habilitá-lo.

"Estamos complementando o que os esforços anteriores nos deixaram. Vamos precisar de 14 milhões de soles [quase R$ 20 milhões]. Estamos aguardando a declaração de emergência para iniciar os trabalhos, mas já podemos receber as famílias" declarou, com otimismo, o subgerente de gestão de riscos de desastres do governo regional, Juan Paredes Urbiola.

Alguns cidadãos, no entanto, temem as condições no abrigo:

"O abrigo Sirahuaya é formado por pequenos módulos onde cabe uma cama, mas não há água, esgoto ou eletricidade. Entre morrer lá ou morrer aqui, a verdade é que prefiro morrer em casa" disse Rocío Ramos, morador do bairro de Ubinas, ao jornal El Comercio.

Embora o Instituto Geológico, Mineiro e Metalúrgico (Ingemmet) tenha informado que na quarta-feira as emissões contínuas de cinzas atingiram uma altura máxima de mil metros acima do topo da cratera — uma magnitude menor que no primeiro dia —, a ameaça é latente: o IGP registrou 173 terremotos associados a processos de ruptura de rochas ocorridos no interior do vulcão.

Por outro lado, vários vulcanólogos alertaram que as cinzas, altamente tóxicas, terão um sério impacto na agricultura, na pecuária e, claro, no meio ambiente. O Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Peru (Senamhi) alertou que entre quinta-feira e sábado, ventos de leste e noroeste promoverão a dispersão de cinzas, afetando também a região de Arequipa.