Justiça

Gilmar determina envio ao STF de investigação sobre ex-assessor de Lira

Ministro atendeu a pedido apresentado pelo próprio presidente da Câmara

Deputados e legendas começam a costurar sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e determinou o envio à Corte da Operação Hefesto, que investiga um ex-assessor do parlamentar.

O pedido de Lira foi apresentado na terça-feira ao STF e atendido nesta quinta por Gilmar. A decisão está em segredo de justiça, mas o teor foi confirmado pelo Globo.

A Polícia Federal (PF) já havia decido enviar ao STF a investigação, que apura supostas fraudes em compras de kit de robótica em escolas de Alagoas. O envio ocorreu após serem encontradas anotações de uma série de pagamentos e uma referência a "Arthur".

Os documentos foram apreendidos durante uma operação de busca e apreensão realizada no dia 1º de junho em endereços ligados a Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e um motorista.

O motorista executivo Wanderson Ribeiro Josino de Jesus, que presta serviço há cinco anos para Luciano Cavalcante, detalhou ao GLOBO como desempenhava a sua tarefa: além de dirigir, realizava pagamentos e depósitos em espécie a destinatários indicados por Cavalcante. Ele conta que as informações das transações bancárias eram anotadas em uma planilha e registradas em mensagens de celular, mas reforça que não fazia ideia de onde vinha o dinheiro.

Wanderson foi um dos alvos da operação de busca e apreensão deflagrada pela PF em 1º de junho. Durante a ação policial, a PF apreendeu com o motorista R$ 150 mil. Ao GLOBO, Wanderson afirmou que os recursos pertenciam a Cavalcante.

— O dia que (os policiais) vieram aqui, tinha comigo R$ 150 (mil). Aí tinha R$ 40 mil no porta-luvas, que era o pagamento que eu tinha que fazer. E tinha dentro da mochila (outros R$ 110 mil, no porta-malas). De quem era a mochila? Do Luciano. Eu nem sabia que estava a mochila dele, eu não posso abrir a mochila dele — disse o motorista.

Além do dinheiro no carro, a PF encontrou no endereço de Wanderson anotações de pagamentos que indicavam datas, valores, supostos destinatários e o nome ao qual cada item estava atrelado. Ao lado de um registro de R$ 100 mil estava o nome “Arthur”, sem mais detalhes. Em outro, com data de 15 de abril e valor de R$ 30 mil, também aparece “Arthur”, também sem especificações. Há ainda o valor de R$ 3.652 associado a um hotel luxuoso e ao nome “Arthur”, em 17 de abril.