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Mais de 250 supostos membros de gangues no Haiti foram mortos desde abril por vigilantes, diz ONU

Muitos habitantes têm começado a fazer justiça com as próprias mãos

Violência no Haiti deixou mais de 600 mortos só em abril, alerta ONU - Richard Pierrin / AFP

Pelo menos 264 pessoas acusadas de pertencerem a gangues no Haiti foram mortas por autoproclamados justiceiros desde abril, informou nesta quinta-feira (6) a representante da ONU no país caribenho, expressando preocupação com essa tendência.

"A aparição de grupos autoproclamados de justiceiros acrescenta um novo nível de complexidade. Desde abril, o Binuh (Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti, sigla em francês) registrou pelo menos 264 supostos membros de gangues mortos pelas mãos desses grupos autoproclamados de justiceiros", declarou a equatoriana María Isabel Salvador ao Conselho de Segurança.

Diante da incapacidade das autoridades em lidar com a violência sem precedentes das quadrilhas criminosas que controlam a maior parte do território da capital, Porto Príncipe, muitos habitantes têm começado a fazer justiça com as próprias mãos.

"A população haitiana está presa em um pesadelo", comentou o secretário-geral da ONU, António Guterres, que visitou Porto Príncipe no sábado. "A situação humanitária é terrível. As gangues brutais têm controle sobre a população do Haiti", acrescentou, ressaltando que "não pode haver uma solução política duradoura e inclusiva sem uma melhora radical na segurança".

Guterres reiterou o apelo à comunidade internacional para implantar uma "força de segurança robusta" que trabalhe em conjunto com a polícia haitiana e a auxilie na "desarticulação" das gangues criminosas.

No entanto, até o momento, esse apelo, lançado pela primeira vez em outubro passado, ficou apenas no papel. Embora alguns países tenham manifestado disposição para participar dessa força, nenhum se ofereceu voluntariamente para liderar uma operação desse tipo em um país marcado por múltiplas intervenções estrangeiras.