Laudo mostra destruição no apartamento de Zé Celso após incêndio
Perícia vê como "viável" a hipótese de que fogo começou em aquecedor no quarto do dramaturgo
A perícia realizada no apartamento de Zé Celso Martinez, que morreu aos 86 anos após sofrer queimaduras em um incêndio ocorrido na madrugada de terça-feira (4), reforça a tese de que o fogo começou em um aquecedor no quarto do dramaturgo. O laudo pericial produzido pelo Instituto de Criminalística da Secretaria de Segurança Pública paulista exibe fotos do equipamento e da destruição provocada pelas chamas.
As imagens mostram que o revestimento das paredes do quarto de Zé Celso se desfez por causa do fogo. O perito responsável pela análise, Fábio André Massa, destacou que o fogo “danificou diversos materiais, objetos e mobiliário que se encontravam no interior do imóvel, bem como as superfícies das paredes e tetos, tanto pela ação direta das chamas quanto pela propagação de fumaça e fuligem”.
Massa pontua no documento de 11 páginas que “não foi possível precisar a causa do evento, porém a análise dos elementos técnicos-materiais coligidos no local levaram o relator a admitir como viável a possibilidade de o incêndio ter iniciado em virtude do contato entre um corpo de capacidade ígnea (aquecedor), com materiais de fácil combustão que ali existiam (tecido, espuma, madeira etc.)”.
O apartamento onde Zé Celso morava fica no sexto andar de um prédio da Rua Achiles Masetti, na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista. Ele era vizinho do marido, o diretor Marcelo Drummond, que sofreu queimaduras nos dedos e inalou fumaça ao resgatar Zé Celso do local. Os dois apartamentos são os únicos daquele andar, que permanece interditado. As demais áreas do prédio estão liberadas para uso.
Parte do acervo de manuscritos do dramaturgo foi consumida pelo fogo durante o incêndio, mas toda sua obra teatral e parcela significativa de seu trabalho artístico já haviam sido digitalizadas.
No boletim ocorrência registrado no 36° Distrito Policial (DP) da Vila Mariana, familiares de Zé Celso relataram que o aquecedor no quarto do dramaturgo já havia provocado outro princípio de incêndio, há dois ou três anos. Na ocasião, porém, o fogo foi rapidamente contido.
O velório de Zé Celso atravessou a madrugada desta quinta-feira no Teatro Oficina, fundado pelo dramaturgo e que se transformou em um símbolo do teatro paulistano. Seu corpo será cremado em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo.