MINISTÉRIO

Em meio a turbulência de Tarcísio com Bolsonaro, Republicanos mira Esporte e indica pernambucano

Partido já escolheu o nome do deputado Silvio Costa Filho (PE), que mantém boa relação com o Planalto

Deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos) - Arthur Mota/ Folha de Pernambuco

O Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negocia uma entrada no primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mira o Ministério dos Esportes, hoje ocupado por Ana Moser. Para entregar mais votos em importantes votações e ampliar os diálogos com os governistas, o partido já escolheu o nome do deputado Silvio Costa Filho (PE), que mantém boa relação com o Planalto.

O nome dele já foi colocado por caciques do partido, confirmam pessoas próximas a Lula e também do Republicano. O início das negociações coincide com a crise entre Tarcísio e o ex-presidente Jair Bolsonaro pela Reforma Tributária. Nesta quinta-feira, durante reunião sobre o tema, Tarcísio chegou a ser interrompido pelo ex-presidente e vaiado pela ala bolsonarista do PL.

Visto como um ministério de grande capilaridade, o Esportes é uma pasta em que projetos sociais podem ser conjugados com a atuação de igrejas espalhadas pelo Brasil - o Republicanos é historicamente ligado ao segmento evangélico. Uma eventual ida de Costa Filho para o comando da pasta poderia ampliar os diálogos em curso, já considerados "bons" pelas duas partes, apesar de algumas divergências ideológicas. Na votação pela Reforma, que teve Tarcísio como articulador, a bancada da legenda entregou 36 votos favoráveis e apenas três contrários. As conversas entre governo e a sigla já têm pelo menos um mês e o principal interlocutor com o Planalto é o líder do Republicanos na Câmara, deputado federal Hugo Motta (PB).

Para além das entregas em votações e bom convívio com o Planalto, o Republicanos mira a sucessão de Arthur Lira (PP-AL), na presidência da Câmara, em 2025. O presidente do partido, Marcos Pereira, é visto como um dos principais concorrentes ao lado de Elmar Nascimento, líder do União Brasil - partido que possui três indicações ministeriais e deve oficializar Celso Sabino no Turismo na próxima semana. Com Bolsonaro inelegível, o Republicanos entende que este é o momento de aprofundar os diálogos com ministros e com o Lula. Caso assuma o Turismo, a disputa silenciosa entre Pereiro e Elmar "zera", dizem caciques do Republicanos. Apesar disto, o Republicanos já colocou que manterá divergências, ainda que assuma o ministério, quando as votações se referirem às pautas de costumes.

Com interesse já expresso em contar com o apoio da legenda, o Planalto avalia que o fator Tarcísio de Freitas é um ponto sensível para a negociação, já que o mesmo é visto como possível adversário de Lula à reeleição, no campo da direita. O avanço das conversas dependerá do timing da sigla para que a entrada do partido não rache a legenda. O governo também quer evitar que, após o movimento sacramentado, ocorra uma reação contrária do governador de São Paulo à aliança ou que haja estímulo a alguma oposição orquestrada. A interlocutores, Pereira afirmou que não pretende fazer resistências à ida de Costa Filho para o Esportes, mas não assumirá o papel de fiador da mudança e não pretende se indispor com Tarcísio. Caso os diálogos prosperem, ele manterá o discurso de que o parlamentar está na "cota pessoal" do presidente. 

Procurado, Pereira não negou a possibilidade de Costa Filho assumir a pasta, mas se esquivou da indicação e reforçou a independência da legenda.

— O Republicanos não indicará ministério no governo e seguirá independente — afirmou.

Atual ocupante do cargo, Ana Moser é vista como "uma escolha pessoal" de Lula no posto e, diante da iminente saída de Daniela Carneiro do Turismo, governistas temem a substituição de mais uma mulher por um homem no primeiro escalão. Em entrevista à GloboNews, a ministra comentou as pressões pelo cargo.

— Estamos trabalhando nesses 6 meses com a missão dada pelo presidente Lula de fazer uma revolução no esporte. Temos conversado muito com prefeitos, deputados, para saber quais são as demandas para o esporte em todo o Brasil. As pressões são normais, são do jogo. O que a gente faz é trabalhar — disse