Galego, cobra píton albina do Parque Dois Irmãos, luta contra câncer há quatro anos
A serpente, de 30 anos, não pode ser operada e recebe cuidados paliativos
A cobra píton albina que vive no Parque Estadual Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, luta contra um câncer na região mandibular há quatro anos. Com sua pele branca e amarelada, o querido Galego vive no parque desde 2007. O câncer na mandíbula foi descoberto em 2019 e, desde lá, Galego já passou por duas cirurgias para remoção do tumor recorrente.
Apesar da expectativa de vida de serpentes píton ser de até 40 anos, aos 30 Galego já não pode mais ser operado. Ele conta, atualmente, com o apoio de uma equipe multidisciplinar para oferecer cuidados paliativos até o dia da sua morte.
O Laboratório de Diagnóstico Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco (LDA-UFRPE) descobriu, por meio de análises histopatológicas, que o câncer de Galego é um fibrosarcoma.
Esse é um tipo de câncer maligno caracterizado por sua capacidade de se espalhar facilmente e invadir tecidos próximos. Geralmente, se manifesta como um único tumor, que não causa dor, e é encontrado principalmente na pele, no tecido abaixo da pele e na cavidade oral.
Os fibrosarcomas são uma das formas mais comuns de câncer encontradas nas serpentes. Ele costuma se formar como resultado de lesões, através do processo de reparação do tecido, desencadeando o crescimento anormal das células. E também por meio de uma predisposição genética para o desenvolvimento desse tipo de câncer.
Tratamento
Em 2019, ao notarem a anomalia, uma equipe composta por biólogos, médicos veterinários, zootecnistas e tratadores do Parque Dois Irmãos foi mobilizada para fornecer cuidados intensivos a Galego. O animal passou por avaliação clínica e, em agosto daquele ano, foi realizada uma coleta de material biológico da massa para exame histopatológico.
Em novembro de 2019, constatou-se a necessidade de remover a massa, procedimento realizado com sucesso. O animal se recuperou satisfatoriamente e teve alta em fevereiro de 2020, retornando ao recinto de exposição e sendo acompanhado de perto pela equipe técnica. Porém, em maio de 2020, o laudo histopatológico confirmou que se tratava de um fibrosarcoma.
Após o diagnóstico do tumor, novas medidas clínicas e nutricionais foram tomadas. Houve um período de estabilização de um ano após a primeira cirurgia. Mas, no ano seguinte, foi observado novo aumento de volume na região submandibular, e mais um protocolo de avaliação e manejo foi iniciado, levando o animal a passar por outra cirurgia de remoção de tumor, junto com parte da mandíbula afetada, em setembro de 2021.
No entanto, em agosto de 2022, observou-se novamente que o tumor havia retornado. Porém, devido às cirurgias anteriores, não foi possível realizar um novo procedimento. A partir desse momento, Galego passou a receber cuidados paliativos para aliviar os sintomas e garantir sua qualidade de vida.
Cuidados
Apesar de ser um tumor maligno e Galego ser considerado um animal em idade avançada, a equipe do Parque Dois Irmãos garante estar empenhada em garantir a melhor qualidade de vida possível para ele, fornecendo nutrição adequada, adaptando a alimentação para facilitar a deglutição e atender às necessidades específicas do animal.
Além disso, o Parque tem buscado colaborações externas com especialistas e instituições renomadas na área da medicina veterinária e pesquisa científica, a fim de explorar possíveis tratamentos alternativos e terapias inovadoras para auxiliar Galego em sua luta contra o câncer.
Atualmente, o animal está sendo acompanhado diariamente por uma equipe multidisciplinar e recebe cuidados paliativos para garantir sua qualidade de vida. Ele continua sendo monitorado e irá receber cuidados até o fim de sua vida.