Ucrânia

Zelensky desafia Rússia após 500 dias de guerra

Vídeo divulgado se tornou um símbolo da resistência ucraniana durante o conflito

Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky - Nikolay Doychinov / AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reivindicou a "coragem" de seu povo e divulgou um vídeo em uma ilha reconquistada, neste sábado (8), após 500 dias de resistência à invasão russa, que manteve a pressão com um novo bombardeio letal no leste.

Zelensky publicou nas redes sociais um vídeo sem data de uma visita à Ilha das Serpentes, no Mar Negro, que se tornou um símbolo da resistência ucraniana durante o conflito.

"Hoje estamos na Ilha das Serpentes, que nunca será conquistada pelos ocupantes, como toda a Ucrânia, porque somos o país dos corajosos", disse.

Nos primeiros dias da invasão, uma conversa por rádio entre soldados ucranianos, que mandaram "à merda" a tripulação do navio de guerra russo que exigia sua rendição, se tornou viral. Os ucranianos finalmente recuperaram a ilha em junho de 2022.

"Quero agradecer aqui, neste lugar de vitória, a cada um dos nossos soldados por estes 500 dias", acrescentou Zelensky no vídeo, onde aparece chegando à ilha de barco e depositando flores e velas.

Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, a ONU registrou a morte de 9.000 civis, incluindo 500 crianças, embora estime que o número seja muito maior.

Este saldo voltou a aumentar neste sábado, com a morte de oito pessoas por disparos de foguetes russos na cidade de Lyman, no leste, indicaram as autoridades ucranianas.

Outras duas pessoas morreram em um bombardeio ucraniano na cidade de Oleshki (sul), ocupada pela Rússia, segundo os serviços de resgate citados pela agência de notícias russa TASS.

De acordo com Noel Calhoun, vice-diretor da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia (HRMMU), os 500 dias de conflito marcam "outro marco sombrio na guerra que continua gerando um impacto terrível na população civil ucraniana".

- Bombas de fragmentação -

Zelensky, em uma viagem por vários países em busca de apoio ocidental antes de uma cúpula da Otan na próxima semana, chegou à Turquia na sexta-feira, onde obteve o endosso do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, às aspirações da Ucrânia de ingressar na Aliança Atlântica.

Neste sábado, o presidente ucraniano rezou em Istambul pelas vítimas da guerra junto ao patriarca Bartolomeu, considerado o líder mundial dos ortodoxos.

Os Estados Unidos se comprometeram, na sexta-feira, a fornecer bombas de fragmentação à Ucrânia, uma medida controversa, já que essas armas são proibidas em grande parte do mundo, embora não sejam na Rússia ou na Ucrânia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu que fornecer este tipo de armas, que explodem no ar espalhando uma grande quantidade de submunições por uma grande área, foi "uma decisão difícil", condenada por várias ONGs.

A Rússia afirmou, neste sábado, que a entrega de bombas de fragmentação à Ucrânia é uma demonstração de "fragilidade" que tornará Washington "cúmplice" das mortes de civis que essa arma pode ocasionar.

No momento, os esforços internacionais para mediar o conflito falharam, incluindo os do presidente turco Erdogan, que, ao mesmo tempo em que impulsiona o comércio com a Rússia, fornece drones e outras armas para a Ucrânia.

"Não há dúvida de que a Ucrânia merece ser membro da Otan", disse Erdogan ao lado de Zelensky em Istambul, um endosso que pode complicar as relações com a Rússia.

O líder turco afirmou que ele e Putin discutirão possíveis trocas de prisioneiros e a possível extensão de um acordo negociado no ano passado para permitir que a Ucrânia exporte grãos para o mercado global.

O acordo expirará em 17 de julho, a menos que a Rússia concorde com sua renovação.