Justiça

Eduardo Bolsonaro é campeão de representações no Conselho de Ética

Um quarto das denúncias apresentadas ao Colegiado em 2022 teve o parlamentar como alvo

O deputado Eduardo Bolsonaro discursa na tribuna da Câmara Pablo Valadares - Câmara dos Deputados

O PSOL está entrando nesta segunda-feira, no Conselho de Ética da Câmara, com uma representação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O motivo, de acordo com a colunista Malu Gaspar, são falas do parlamentar que compararam professores a traficantes, proferidas durante ato pró-armas realizado no último domingo, em Brasília. A denúncia não deve representar uma novidade para o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro: no ano passado, Eduardo foi o maior alvo de reclamações junto ao órgão que fiscaliza o decoro parlamentar, com sete das 27 queixas protocoladas no período, o equivalente a cerca de 25,9% do total. Em 2023, ele já responde no colegiado por uma discussão em que chamou um deputado do PT de “veado”, entre outros xingamentos.

Entre as sete reclamações em desfavor do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro no último ano, figura o deboche feito à jornalista e colunista do GLOBO Míriam Leitão. À época, o deputado escreveu em suas redes sociais estar “ainda com pena da cobra”, numa referência a um dos métodos empregados pelos torturadores da jornalista durante a ditadura militar. Em outra ação, o político responde por comparar deputadas de esquerda à “gaiola das loucas”, em apoio a falas misóginas do deputado federal Delegado Éder Mauro (PL-PA).

"Parece, mas não é a gaiola das loucas, são só as pessoas portadoras de vagina na CCJ sendo levadas à loucura pelas verdades ditas pelo Dep. Éder Mauro", escreveu em uma postagem no Twitter, junto ao vídeo que mostra o Delegado falando ao mesmo tempo que a deputada Maria do Rosário. Ele afirma que "não iria chamar um médico para ela porque ela não estava no plenário", durante a sessão virtual.

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Neste ano, o PT representou contra Eduardo Bolsonaro após a briga entre o parlamentar do PL e o deputado petista Dionilso Marcon (PT-RS). Em sessão na Comissão de Trabalho da Câmara, o petista afirmou que a facada sofrida em 2018 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era "fake". Em resposta, Eduardo Bolsonaro levantou da cadeira e disse que iria "enfiar a mão na cara" do deputado.

– Queria me tirar do sério? Conseguiu. Decoro? Olha o que este veado está falando aqui! Não houve sangue? Desde quando a faca foi fake? Vocês tentaram matar o meu pai e agora querem me tirar do sério. Te enfio a mão na cara e perco o mandato com dignidade, seu filho da puta. Tá achando que está na internet? – disse Eduardo Bolsonaro durante discussão sobre a facada.

A iniciativa atual de acionar o Conselho de Ética foi do líder do PSOL na Câmara, Guilherme Boulos. Na manifestação a que se refere o texto, Bolsonaro comparou professores a traficantes, enquanto criticava o Ministério da Justiça.

— Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez o professor doutrinador seja pior — disse Eduardo Bolsonaro ao público.