O que é deflação? E por que a queda nos preços nem sempre é sentida no dia a dia?
IPCA, índice usado nas metas do governo, ficou negativo em junho. Mas consumidor nem sempre percebe isso. Média esconde altas em alguns produtos. Efeito varia de cidade para cidade; veja lista
O IBGE divulgou nesta terça-feira (11) que o Índice e Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado nas metas de inflação do governo, ficou no terreno negativo. O índice caiu 0,08% em junho. Ou seja, o país teve no mês passado deflação.
Mas, afinal, o que é a deflação? E por que o consumidor nem sempre percebe, nas suas compras de mercado ou nos gastos do dia a dia, uma queda nos preços?
O que é deflação?
Os economistas chamam de deflação o fenômeno caracterizado por uma queda, na média, nos preços de produtos e serviços mais consumidos em determinado país.
Mas, como toda média, esse resultado esconde extremos. Ou seja, há preços que sobem bem mais, e outros com queda maior que, na média, levam o índice a ficar no terreno negativo.
No caso do IPCA de junho, considerando só os grandes grupos de produtos e serviços, enquanto os preços de alimentos tiveram a maior queda (-0,66%), os custos de habitação (aluguel, taxas de água e eletricidade, etc.) tiveram alta de 0,69%.
Efeito de curto prazo
Além de não representar uma queda generalizada de preços, mas apenas uma média que ficou no negativo, a deflação de junho foi um efeito pontual.
Nos últimos meses, a inflação vinha subindo. O resultado negativo foi a primeira deflação em dez meses. Ou seja, uma queda de preços pontual não compensa as altas anteriores no custo de produtos e serviços.
Para se ter uma ideia, nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 3,16%.
Muda de lugar para lugar
Os efeitos da deflação de junho são sentidos de maneira diferente em cada cidade e em cada faixa de renda da população.
Para os moradores de Belo Horizonte, por exemplo, o preço da energia elétrica subiu nada menos do que 13,66%. Com alta tão forte na conta de luz, é difícil para este consumidor perceber um alívio no bolso, ainda que outros preços de sua cesta de consumo tenham caído de preço.
O IBGE pesquisa os preços em 16 capitais brasileiras. A queda de preços foi maior em Goiânia (-0,97%). E, em cinco locais, não houve deflação. Veja lista completa.
Goiânia: -0,97%
São Luís: -0,62%
Rio Branco: -0,50%
Brasília: -0,40%
Fortaleza: -0,40%
Salvador: -0,23%
Rio de Janeiro: -0,20%
Campo Grande: -0,14%
Belém: -0,09%
Porto Alegre: -0,02%
São Paulo: -0,01%
Curitiba: 0,03%
Vitória: 0,06%
Aracaju: 0,26%
Recife: 0,28%
Belo Horizonte: 0,31%
Diferente para a classe média
Além disso, o tamanho da queda de preços varia de acordo com a faixa de renda da população. Há produtos que pesam mais no orçamento da classe média. No caso do mês de junho, a deflação foi mais intensa para as famílias mais pobres.
O INPC, índice que mede a inflação para essa parcela da população, ficou em –0,10%, ou seja, com uma queda ainda maior do que o IPCA.