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Israel tem novos protestos após Parlamento votar parte de controversa reforma judicial

Ao menos 66 pessoas foram presas durante "dia da disrupção e resistência" contra projeto de Netanyahu, visto por críticos como uma ameaça ao Estado de Direito

Forças de segurança israelenses detêm manifestantes em Tel Aviv - Jack Guez/AFP

Dianta da maior agitação social de sua História, Israel voltou a registrar protestos maciços nesta terça-feira (11), batizada de "dia de disrupção e resistência" após a coalizão encabeçada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu seguir em frente com sua contestada reforma judicial depois de um hiato de três meses. O projeto, que analistas dizem pôr em risco a democracia, passou na segunda pelo primeiro dos três votos necessários para se transformar em lei.

Segundo a polícia, 66 pessoas foram presas pelo país, metade delas em Tel Aviv e outras 10 em Jerusalém. A polícia usou canhões d'água e gás lacrimogêneo para liberar uma rodovia que liga as duas cidades, um dia após manifestantes tentarem se colar no chão da entrada da Knesset, o Parlamento israelense, antes de serem arrastados por policiais.

No fim desta tarde (meio da manhã no Brasil), milhares protestavam no aeroporto Ben-Gurion, o maior do país, nos arredores de Tel Aviv. Também há manifestações nos arredores da residência presidencial, do Ministério da Defesa e da embaixada americana na cidade.

As forças de segurança tentaram evitar os protestos no Terminal 3, dando autorização para que o ato ocorresse apenas no Terminal 1, menor e limitado a voos domésticos e a linhas aéreas baratas europeias. Os manifestantes questionaram a ordem, afirmando que a "polícia não tem autoridade para limitar o acesso ao Terminal 3, designado apenas para passageiros e onde o público tem o direito de entrar".

Cerca de 300 reservistas que atuam como ciberanalistas para as Forças de Defesa de Israel também anunciaram que não irão mais comparecer ao trabalho, recusando-se a continuar a "desenvolver habilidades cibernéticas para um regime criminoso, e não treinaremos a geração futura da ofensiva cibernética". Em um comunicado, afirmaram que as mudanças na lei "levarão à destruição das instituições do Estado, incluindo das agências de segurança".

A unidade cibernética das forças israelenses é particularmente estratégica para a segurança do país, e o movimento dentro dos reservistas, a espinha dorsal do Exército do país, é crescente.

Estudantes da Universidade de Tel Aviv realizaram uma marcha ao redor do campus durante a manhã, e há atos previstos para a Suprema Corte e a Knesset. Outros centros universitários, firmas tecnológicas e bancos deram dias de folga para seus funcionários, endossando os atos contra a reforma.