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Polícia da Nicarágua prende mais um padre católico crítico ao regime de Ortega

Religioso é o sétimo padre detido no país; seu paradeiro é desconhecido desde domingo

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, durante discurso em celebração do aniversário Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América em Havana na quarta-feira - Yamil Lage/AFP

A polícia da Nicarágua deteve mais um padre católico crítico ao regime de Daniel Ortega, no último domingo, menos de uma semana depois de o bispo Rolando Álvarez ter sido devolvido à prisão La Modelo, após o fracasso das negociações entre o governo sandinista e um enviado do Vaticano. Fernando Zamora, que exerce funções administrativas na diocese de Siuna, no norte da Nicarágua, foi preso no domingo na capital, Manágua, depois de assistir a uma missa presidida pelo principal líder católico do país, o cardeal Leopoldo Brenes.

Com isso, o religioso torna-se o sétimo padre detido no país. Seu paradeiro ainda é desconhecido.

“Infelizmente, esta prisão arbitrária faz parte da perseguição que a ditadura de Ortega está realizando contra a Igreja Católica”, denunciou em nota o ativista de direitos humanos e ex-candidato presidencial Félix Maradiaga, exilado nos Estados Unidos.

Também no domingo, o governo negou a entrada na Nicarágua ao padre Juan Carlos Sánchez, da paróquia São Francisco de Assis, em Manágua, que voltava de uma viagem à Bolívia e aos Estados Unidos.

No total, o regime de Ortega tem três padres condenados e quatro sob investigação, dois deles em prisão domiciliar, além do bispo Rolando Álvarez.
 

Além disso, pelo menos 84 religiosos — entre padres e freiras— tiveram que deixar o país forçados pelo regime desde 2018, segundo o site local El Confidencial. Há poucos meses, a polícia invadiu a casa das irmãs da Fraternidade Pobres de Jesucristo, em León, e expulsou da Nicarágua quatro religiosas de origem brasileira. O Ministério do Interior anulou o estatuto jurídico da fraternidade e confiscou todos os bens das freiras.

Na semana passada, o bispo Rolando Álvarez foi levado de prisão conhecida como La Modelo, onde estava desde março, para um local de paradeiro desconhecido, enquanto se negociava sua saída da Nicarágua. No entanto, fontes próximas à negociação consultadas pelo El País afirmaram que Álvarez manteve sua posição inicial: que não deixará a Nicarágua porque não cometeu nenhum crime.

O católico pediu sua libertação incondicional, assim como a dos demais padres presos e condenados pelo regime. Além disso, exigiu o desbloqueio das contas bancárias de dioceses e paróquias do país e o fim das perseguições religiosas.Todas as propostas foram rejeitadas.

Esta é a segunda tentativa frustrada de Ortega de se livrar do bispo, condenado a 26 anos de prisão. Álvarez já havia recusado o exílio em 9 de março, quando decidiu não embarcar no avião que transportava 222 presos políticos para os Estados Unidos. Como vingança, foi condenado e confinado em uma cela de isolamento na penitenciária La Modelo. Desde então, o Vaticano, a Conferência Episcopal da Nicarágua e outros atores internacionais (como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva) tentaram mediar sua libertação.