Tribunal de Roma absolve guarda escolar que tocou nas nádegas de estudante por 10 segundos
Justiça considerou que ação não configura crime devido à sua 'rapidez' e porque não houve 'insistência' no movimento; decisão provocou protestos
A absolvição de um guarda escolar julgado por apalpar as nádegas de uma estudante de 17 anos durante dez segundos gerou polêmica nesta quarta-feira (12) na Itália, provocando a indignação de associações estudantis e personalidades.
Segundo um tribunal de Roma, estes toques, que duraram "entre cinco e dez segundos", segundo a denúncia da vítima, que foi reconhecida pelo acusado, "não constituem crime".
A “rapidez da ação, sem qualquer insistência na ação de tocar”, que corresponde “quase a esfregar”, não permite “caracterizar a intenção libidinosa ou concupiscente geralmente exigida pela lei penal”, estimou o tribunal, citado pelo jornal Il Corriere della Sera.
O tribunal, portanto, rejeitou o pedido da promotoria de uma sentença de prisão de três anos e meio para o guarda de 66 anos, que admitiu ter apalpado a estudante enquanto ela subia as escadas, mas disse que o fez “por brincadeira”.
A decisão judicial suscitou protestos da Associação de Antigos Alunos do Lácio, região que inclui Roma, a capital italiana.
— Estamos indignados. Mais uma vez, um apalpamento não é reconhecido como tal, desta vez pela sua duração — afirmou a sua presidente, Tullia Narciso, citada pelo jornal Il Fatto Quotidiano. — É importante sentir-se seguro em todos os lugares, principalmente na escola, que deve ensinar a reconhecer e eliminar a violência e a discriminação.
Após esse julgamento polêmico, muitos alunos publicaram nas redes sociais vídeos nos quais se filmaram simulando tocar seus corpos por dez segundos, que pareceram durar para sempre.
Este gesto de solidariedade para com a vítima também foi retomado pelo ator italiano Paolo Camilli, conhecido por seu papel na série "The White Lotus" (HBO) e cujo vídeo foi compartilhado pela influencer mais famosa da península, Chiara Ferragni.