Bloco militar

Adesão da Ucrânia à Otan será "uma hora e 20 minutos" após fim de guerra, brinca Biden

Declaração do presidente americano foi feita durante encontro bilateral com Zelensky

Biden e Zelensky nesta quarta (12) - Paul Ellis / Pool / AFP

O presidente norte-americano Joe Biden disse, em tom de brincadeira, que a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) levaria "uma hora e 20 minutos" após o fim da guerra no Leste Europeu. A declaração foi feita a repórteres nesta quarta-feira (12) durante um encontro bilateral com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky às margens da cúpula da aliança militar em Vilna, capital da Lituânia.

— Sua resiliência e sua determinação têm sido um exemplo para o mundo inteiro ver — elogiou Biden na presença de repórteres — Estou ansioso pelo dia em que teremos a reunião que celebrará sua adesão oficial à Otan.

Biden, que na última sexta-feira autorizou o envio de bombas de fragmentação a Kiev, buscou tranquilizar Zelensky sobre a continuidade do apoio às defesas ucranianas mesmo com o país de fora da aliança.

— Prometo a vocês que os Estados Unidos estão fazendo tudo o que podem para conseguir o que vocês precisam — disse Biden.

A declaração desta quarta acontece poucos dias após o presidente dos Estados Unidos afirmar, em entrevista à CNN americana, que a Ucrânia não está pronta para ingressar na Otan — indo na contramão das ambições de Zelensky, que via na cúpula uma oportunidade de acelerar a adesão, solicitada em 2002.

— Não creio que haja unanimidade na Otan quanto a trazer ou não a Ucrânia para a aliança da Otan agora, neste momento, no meio de uma guerra — disse Biden na entrevista, publicada no domingo, antes dele embarcar para a capital lituana. — Estaríamos em guerra com a Rússia, se esse fosse o caso.

Durante a cúpula, os líderes dos Estados-membros concordaram que "o futuro da Ucrânia está na aliança", assegurou o secretário-geral, Jens Stoltenberg. Zelensky, por outro lado, chegou a classificar como "absurdo" o fato de a Otan ainda não ter estabelecido um cronograma para o país entrar na aliança, liderada pelos EUA.

A entrada na aliança militar do Ocidente, que se expandiria no Leste Europeu, foi um dos motivos apontados pela Rússia para justificar a invasão ao território ucraniano em fevereiro de 2022. Antes da guerra, o presidente russo Vladimir Putin exigiu um compromisso por parte da Otan de que Kiev não seria admitido. Na recente entrevista à CNN, Biden alegou ter recusado o pedido russo pela entidade ter "uma política de portas abertas".