SAÚDE

Dente-de-leão, conheça as propriedades da erva daninha com alto poder hidratante e antioxidante

Composta por 85% de água, a planta também é rica em potássio, cálcio e ferro

Dente-de-leão - Freepik

O dente-de-leão é uma das joias da família de plantas medicinais e comestíveis, que não só cativa os adeptos de um estilo de vida saudável devido às suas múltiplas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e diuréticas, mas também chefs, bartenders e baristas, que o utilizam para realçar os sabores dos seus pratos e bebidas.

Com um sabor ligeiramente amargo, embora seja originário da Ásia e da Europa, hoje pode ser encontrado em todos os continentes: cresce selvagem em áreas de prados, estradas, terrenos baldios, jardins e vasos.

Conhecido também como chicória amarga, é uma planta perene que geralmente atinge 40 centímetros de altura e cuja flor varia de dois a sete centímetros de diâmetro.

— O dente-de-leão faz parte de um grupo de plantas chamadas ervas daninhas, que são aquelas que crescem espontaneamente em locais — comenta Viktoriya Shcherbina, nutricionista e membro do Departamento de Alimentação e Dietética do Hospital de Clínicas da Universidade de Buenos Aires, na Argentina. Ela acrescenta que a origem do seu nome tem uma conotação negativa, pois surgiu no âmbito agrícola em referência às plantas que interferem na atividade humana nas áreas cultivadas, competindo com as culturas pelos nutrientes do solo, água e luz.
 

Apesar dessas adversidades, o dente-de-leão é elogiado e bem recebido pelos defensores da medicina alternativa e entusiastas da culinária. Nesse sentido, Karina Di Tullio, especialista em saúde e alimentação, descreve essa planta como tendo um sabor amargo e explica que é graças a essa característica que ela proporciona vantagens digestivas. Além disso, Soledad Menéndez, consultora em nutrição natural e coach em saúde e estilo de vida, comenta que outra virtude do dente-de-leão é a sua versatilidade no consumo.

— Pode ser adicionado a todos os tipos de alimentos, especialmente saladas e infusões — ela afirma.

Benefícios para a saúde
O dente-de-leão é uma erva nobre, composta por 85% de água e cheia de propriedades benéficas para a saúde. No entanto, Shcherbina destaca que, por ser uma planta que deve ser consumida em pequenas quantidades, há certos minerais que não são aproveitados de forma eficiente.

De qualquer forma, trata-se de um potente antioxidante devido à presença de flavonoides, polifenóis, mucilagens e carotenoides, que, como diz Menéndez, protegem as células do organismo dos radicais livres, substâncias tóxicas que, se acumuladas no corpo, podem causar doenças.

Além disso, essa planta possui propriedades diuréticas e depurativas, que ajudam a eliminar o excesso de líquidos do corpo e estimulam a função renal, comenta Di Tullio. Por outro lado, por ser fonte de fibra, acrescenta a especialista, estimula o trânsito intestinal e a digestão, purifica o fígado, reduz a constipação e contribui para o desenvolvimento da microbiota. Devido a todas essas virtudes, o dente-de-leão também possui efeito anti-inflamatório.

Além disso, Shcherbina ressalta que a raiz do dente-de-leão contém inulina, um polissacarídeo que atua como prebiótico e cuja função é estimular o crescimento da flora intestinal.

Quanto aos micronutrientes, as especialistas consultadas dizem que essa erva é uma importante fonte de vitaminas. A mais destacada é a vitamina C, cuja função principal, além de fortalecer o sistema imunológico, é contribuir para a produção de colágeno, um fator muito importante em mulheres com mais de 20 anos, já que a partir dessa idade, embora aos poucos, começam a perdê-lo, afirma Menéndez. Ela também observa que a ingestão desse nutriente é essencial para pessoas que seguem uma dieta vegana ou vegetariana, pois melhora a absorção de ferro.

Além disso, a presença de vitamina A protege a pele, ajuda a mantê-la saudável e a dar-lhe brilho, afirma Di Tullio. O dente-de-leão também é fonte de vitamina K, que ajuda o corpo a construir ossos e tecidos saudáveis e a coagular o sangue. Nessa planta, também estão presentes as vitaminas do complexo B, que colaboram no processo de produção de glóbulos vermelhos e enzimas, e ajudam a manter a saúde dos neurônios do cérebro. Por último, Di Tullio destaca que a planta é rica em ácido fólico, essencial para prevenir anemia e produzir glóbulos vermelhos.

Em relação aos minerais, Di Tullio comenta que o dente-de-leão é uma fonte de magnésio, que regula e equilibra o funcionamento adequado do sistema nervoso e ajuda na formação de proteínas, e potássio, que faz parte da contração muscular e mantém o ritmo cardíaco constante, melhora a transmissão nervosa e o funcionamento do rim. Além disso, como enumeram as especialistas, o dente-de-leão é fonte de cálcio, que fortalece e mantém os ossos e dentes, e de ferro, um nutriente que transporta e armazena oxigênio no corpo e participa da formação de hemoglobina, que são os glóbulos vermelhos.

Como consumir
Todas as partes da planta são comestíveis: desde as folhas e flores até a raiz, que pode ser cortada por último e adicionada a saladas, diz Shcherbina, e acrescenta que outra opção é secar, torrar, moer e adicionar às infusões. As folhas podem ser consumidas cozidas ou a vapor e misturadas em ensopados, sopas ou purês. No caso de serem consumidas frescas, a alternativa é que se forem jovens, sejam combinadas em saladas e, se estiverem maduras, é recomendado picá-las finamente, pois podem ter um sabor mais amargo, recomenda a nutricionista. Já os botões florais, que também são comestíveis, quando estão imaturos, são consumidos crus, a vapor, cozidos, fritos ou em conserva.

No entanto, para evitar que a planta perca seus nutrientes ao ser cozida, é importante ter em mente o seguinte segredo: ela deve ser adicionada à água depois que começar a ferver, para que o tempo de cozimento seja curto, revela Shcherbina. Ela ressalta que os principais nutrientes afetados por essa destruição são as vitaminas sensíveis ao calor, como a vitamina C e a vitamina A.

Nesse sentido, Menéndez comenta que outra opção é consumir o dente-de-leão na forma de "tintura mãe", que é o extrato hidroalcoólico de uma planta após a maceração, tomado em forma de gotas. Como ela diz, a vantagem de tomá-lo dessa maneira é que suas propriedades vêm em maior concentração, então é muito eficaz no tratamento de problemas hepáticos, por exemplo.

Questionada sobre a quantidade recomendada de consumo, Menéndez diz que, por ser uma erva, se grandes quantidades de dente-de-leão forem ingeridas diariamente, a longo prazo, pode-se manifestar algum tipo de rejeição ou desconforto gástrico.

Já Shcherbina explica que, apesar de suas propriedades, seu uso pode ser contra-indicado em pessoas com doenças renais, biliares e digestivas. Portanto, é de suma importância consultar um profissional antes de consumi-lo, ela aconselha. Além disso, as especialistas concordam que o consumo de dente-de-leão não é recomendado para crianças menores de dois anos e mulheres grávidas, pois não há estudos suficientes que respaldem seu consumo nesses grupos.

No entanto, deixando de lado esses casos excepcionais, essa erva é indicada para adultos saudáveis, especialmente para aqueles que desejam melhorar seu metabolismo. Nas palavras de Di Tullio, uma boa opção ao adicioná-la a diferentes infusões é combiná-la com outras especiarias, como a camomila, não apenas para realçar os sabores, mas também para acrescentar mais nutrientes. Para Menéndez, outra alternativa para aqueles que não toleram totalmente o sabor amargo é misturá-la com algumas gotas de limão, um cítrico que suaviza esse gosto intenso.

Por fim, embora o dente-de-leão possa ser encontrado em lojas de produtos naturais, há pessoas que preferem colhê-lo diretamente da natureza.

— Ao coletar as plantas, é necessário tomar precauções e saber identificar áreas contaminadas por animais, lixões, plantações pulverizadas com pesticidas ou com alto fluxo de tráfego. Portanto, ao colher plantas silvestres para consumo, é necessário garantir que elas venham de áreas seguras e livres de contaminantes — aconselha Shcherbina.