Novo ministro do Turismo é bolsonarista? Veja seis pontos de alinhamento de Sabino com ex-presidente
Parlamentar chegou a integrar comitiva do antecessor de Lula em viagem para o Pará
Oficialmente nomeado nesta quinta-feira para chefiar o Ministério do Turismo, o deputado federal Celso Sabino (União-PA) tem em seu histórico posicionamentos políticos que o aproximaram do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em diversas situações, o parlamentar demonstrou apoio ou alinhamento com o antecessor do petista e esteve do lado oposto do grupo político que passará a integrar.
A ligação de Sabino com Bolsonaro tem sido usada como argumento por quem defende a manutenção da atual titular da pasta. O deputado, inclusive, vem sendo chamado de bolsonarista pelo prefeito de Belford Roxo, Waguinho, marido de Daniela
— Seria um erro muito grande tirar a mulher mais votada do Rio, evangélica, para botar um deputado bolsonarista, o Celso Sabino, que foi contra o Lula. — afirmou o político em entrevista ao Globo.
Entre os episódios que evidenciaram a sintonia de Sabino com o bolsonarismo estão seu período como líder da maioria na Câmara dos Deputados, quando ainda era filiado ao PSDB, e uma postagem nas redes sociais, que não está mais disponível no perfil do parlamentar, apertando a mão do então presidente após uma viagem juntos para o Pará.
Veja seis pontos que evidenciam essa proximidade:
Líder da maioria
Após acordo entre políticos do Centão, Sabino, ligado principalmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi indicado por Jair Bolsonaro para ser líder da maioria na Casa. À época, ele era filiado ao PSDB, e a ação de assumir o posto incomodou correligionários, que passaram a apontar o aspirante a ministro como apoiador do então presidente. Ele chegou a reagir aos comentários afirmando que ser líder da maioria não significava alinhamento com o governo.
"Não tenho nenhum cargo ou pleito no governo federal. A (liderança) da maioria não significa alinhamento com o governo", disse ele ao jornal Estado de S. Paulo na ocasião.
Tensão no PSDB
A proximidade com o ex-presidente foi um dos pontos de tensão que levaram Sabino a deixar o PSDB. Quando ainda era filiado, o político era apontado por colegas tucanos como o principal articulador para que a legenda integrasse a base do governo de Jair Bolsonaro.
O anúncio feito por Sabino de que assumiria o cargo de líder da Maioria foi a gota d'água. De acordo com membros do PSDB, a decisão feria o estatuto de ética da legenda. Com isso, Sabino chegou a ser alvo de um processo de expulsão do partido, mas, em 2021, após os atritos com a direção, se desfiliou por conta própria.
Viagem e foto com Bolsonaro
Em 2020, Sabino embarcou com o então presidente Jair Bolsonaro ao Pará, seu estado natal, para participar da primeira etapa de inauguração das obras do Porto Futuro. Depois da solenidade, publicou nas redes uma foto em que aparece apertando a mão do ex-mandatário. A imagem não está mais disponível nas redes do político.
Apoio a Marcelo Queiroga
Durante a pandemia, após Jair Bolsonaro anunciar sua decisão de substituir o general Eduardo Pazuello (PL-RJ) por Marcelo Queiroga à frente do Ministério da Saúde, Sabino divulgou um vídeo em suas redes sociais demonstrando apoio à decisão do então presidente.
"Ele domina bastante, transita bem nos temas relacionados à ciência e está com muta disposição. Ministro, conte com nosso irrestrito apoio", falou Sabino na gravação, ao lado do então ministro.
Orçamento Secreto
A boa relação de Sabino com Bolsonaro também é evidenciada pela grande fatia do Orçamento Secreto direcionada para o parlamentar. Ele foi beneficiado com pelo menos R$ 27,2 milhões de verbas em 2022, último ano de gestão do ex-presidente. No ano passado, Sabino também esteve entre os 30 parlamentares federais que mais indicaram recursos — R$ 54,1 milhões — neste modalidade de distribuição de verba, R$ 9 milhões a mais que o indicado por Daniela Carneiro, atual titular da pasta.
Voto impresso
Pauta importante dentro do bolsonarismo, o voto impresso também foi endossado por Sabino em 2021. À época, o parlamentar, que anda era vinculado ao PSDB, fez publicação defendendo a pauta. Em postagem no Facebook, ele questionou a postura do partido contrária à suposta audição do voto
"O PSDB fechou contra o voto auditável impresso. Mais uma grande decisão equivocada. Me recuso a seguir esta determinação. Deixarei o partido", escreveu.
A PEC do Voto Impresso teve rejeição de todos os partidos que atualmente compõe a base do governo Lula. PT, PSD, MDB, PSB e PDT, que tem lideranças à frente dos ministérios, orientaram voto contrário à medida.