Dor e emoção: Missa de 7º Dia homenageia as vítimas do desabamento em Paulista
Ao todo, 14 pessoas morreram na tragédia após parte do Bloco D7 desabar na última sexta-feira
Dor e emoção marcam a Missa de 7º Dia em homenagem às vítimas do desabamento do Conjunto Beira Mar, localizado no bairro do Janga, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. A celebração acontece na Capela São Francisco de Assis, que fica próxima ao conjunto habitacional onde as vítimas moravam.
Ao todo, 14 pessoas morreram na tragédia após parte do Bloco D7 desabar na última sexta-feira. Dom Fernando Saburido, administrador apostólico da Arquidiocese de Olinda e Recife, preside a celebração.
Durante a missa, o religioso, que por muitas décadas foi arcebispo de Olinda e Recife, lembrou as vítimas da tragédia e cobrou ação dos governantes, destacando que a população pobre mora em locais de risco por não terem para onde ir.
"Nós temos fé, meus irmãos, e estamos aqui por isso, para fazer um ofertório dessas pessoas que morreram. Tivemos mãe que morreu abraçada com seu filho. São coisas que cortam o nosso coração", disse.
"Mas vamos ter força e pedir a Deus que toque o coração das pessoas poderosas, que podem resolver essa situação [de pessoas morando em locais de risco]", completou.
A dona de casa Carla Eduarda dos Santos, de 26 anos, perdeu a mãe, Maria da Conceição, e três irmãos, Deivson, Deivid e Eloha, no desabamento. Bastante emocionada, ela falou sobre os momentos de dor vividos nesses últimos sete dias.
“Tem sido muito difícil, a ficha ainda não caiu. Perder uma pessoa só já é uma dor enorme e perder quatro assim de uma vez é muito difícil”, disse.
Ela acompanhou a missa e agradeceu o acolhimento recebido pela população.
“A missa vem para confortar um pouco a gente, com esse acolhimento, muita gente aqui conhecia eles. E até quem não conhecia vem e dá uma força, uma palavra de conforto, vem pedir por eles”, contou.
Também muito emocionada, a estudante Dayana Lacerda, de 17 anos, falou sobre a saudade do namorado, Deivson Soares, de 19 anos, que morreu na tragédia.
“Está sendo bem difícil para todos nós, a gente tenta mas é muito difícil de acreditar. O que a gente via passar na televisão já doía para a gente e imagina quando acontece com a gente, é pior ainda. É uma dor que a gente não consegue esquecer, não consegue sair da mente da pessoa o desespero, a agonia para tirar eles. Você acorda de manhã e não tem mais aquela mensagem, a pessoa não está mais lá”, desabafou.
Pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, também bairro do Janga, o padre Deyvson Soares participou da Missa de 7º Dia em homenagem às vítimas do desabamento do Conjunto Beira Mar e buscou repassar uma mensagem de consolo diante da tragédia.
“Estamos falando de pessoas que tiveram a vida ceifada muito cedo, pessoas como eu, você, então nos consolamos em Cristo Jesus para que a própria força dele esteja em nós para promover vida onde há dor. Para levar consolo, onde há sofrimento. Então, esse momento para nós é muito importante como comunidade”, destacou.