Guatemala

Procuradoria da Guatemala seguirá investigando partido de Arévalo sem afetar 2º turno

A decisão do juiz Fredy Orellana desencadeou protestos na Guatemala e críticas da Igreja Católica

Guatemala - Johan Ordonez/AFP

A Procuradoria-Geral da Guatemala anunciou, nesta sexta-feira (14), que continuará a investigação criminal contra o partido Semilla, do candidato social-democrata Bernardo Arévalo, por supostas irregularidades em sua inscrição, mas sem afetar o segundo turno presidencial em agosto.

"As ações do Ministério Público (MP) não têm como objetivo interferir na data da realização do segundo turno eleitoral, nem desabilitar a participação de qualquer candidato no segundo turno programado para 20 de agosto", afirmou a entidade em comunicado.

Na quarta-feira, um juiz inabilitou o partido Semilla a pedido do procurador Rafael Curruchiche. A medida foi interpretada na Guatemala e no exterior como uma tentativa de tirar da disputa presidencial Arévalo, que surpreendeu no primeiro turno, em 25 de junho.

A decisão do juiz Fredy Orellana desencadeou protestos na Guatemala e críticas da Igreja Católica, do setor empresarial, dos Estados Unidos, da União Europeia e da ONU.

No entanto, a Corte de Constitucionalidade (CC) concedeu na quinta-feira um amparo provisório a Arévalo, revertendo a decisão que ameaçava sua participação na disputa contra a ex-primeira-dama Sandra Torres, também social-democrata.

A decisão do juiz foi muito controversa, já que a própria lei guatemalteca estabelece que "um partido não pode ser suspenso após a convocação de uma eleição e até que ela seja realizada".

A Procuradoria-Geral afirmou que as "investigações se limitam neste momento aos fatos ocorridos durante a formação do partido político". O Semilla foi registrado como organização política em julho de 2017 e como partido em novembro de 2018.

De acordo com o documento, as investigações começaram em maio de 2022 e "foram coletadas provas científicas, documentais, testemunhais e de campo".

Na quarta-feira, logo após a ordem do juiz Orellana, os dois candidatos foram oficializados para o segundo turno pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

Arévalo apresentou nesta quinta uma denúncia criminal contra Curruchiche, acusando-o de descumprimento de deveres, abuso de autoridade com propósito eleitoral e de tomar decisões que violam a Constituição.