PRESIDENTE DO BRASIL

Em meio às pressões do Centrão, veja ocasiões em que Lula precisou defender ministros em público

Presidente voltou a reforçar a manutenção de Nísia Trindade à frente da Saúde nesta sexta

Presidente Lula - Ricardo Stuckert/PR

Alvo de boa parte das pressões até o momento, a ministra da Saúde, detentora do maior orçamento dentro da Esplanada do Ministério, vem sendo pressionada por partidos do Centrão a deixar o cargo. Nísia, um dos nomes da cota pessoal do presidente, foi diretamente defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em pelo menos duas ocasiões desde o começo de julho. Nesta sexta-feira, o petista subiu o tom ao afirmar que "tem ministros que não são trocáveis":

— Eu tenho muito orgulho de ter escolhido a Nísia ministra da Saúde.[...] Eu vou viajar agora, eu disse pra Nísia já publicamente. Tem ministros que não são trocáveis. Tem pessoas e tem funções que são uma coisa da escolha pessoal do presidente. Ela não é ministra do Brasil, ela é minha ministra.

No começo do mês, quando começaram as especulações sobre uma possível troca na Saúde, Lula firmou posição de que a titular da pasta poderia dormir tranquila porque "o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser".

Outro ministro alvo do apetite do Centrão, Wellington Dias (Desenvolvimento Social) também foi defendido publicamente por Lula nesta semana. A pasta comandada pelo ex-governador do Piauí tem um dos orçamentos mais robustos da Esplanada por ser o responsável pela distribuição do Bolsa Família. Em entrevista à Record nesta quinta-feira, o presidente afirmou que "esse ministério não sai":

— Esse ministério, é um ministério meu. Esse ministério não sai. A Saúde não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério. É o governo que oferece o ministério. É só fazer uma inversão de valores. No momento certo, nós vamos conversar. Da forma mais tranquila possível, não quero conversa escondida, não quero conversa secreta.

Entraves na articulação política
Ainda no primeiro semestre, Lula ainda teve que enfrentar a fritura de dois nomes próximos ao Planalto — o de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o de Rui Costa (Casa Civil). Os principais responsáveis pela articulação política do governo com o Congresso foram cobrados por dirigentes partidários e parlamentares pela falta de traquejo e de agenda para negociar com partidos.

Em maio, no ápice da crise de articulação com o Legislativo, Lula veio a público defender Padilha, figura que estaria na linha de frente da negociação com parlamentares. À época, o governo enfrentava dificuldade para aprovar a MP dos Ministérios, que manteria a reestruturação ministerial desenhada por Lula ao tomar posse.

— O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política. O fato de acertar ou errar, nós temos que pensar o que aconteceu, precisava ver do que estão se queixando os deputados — defende na ocasião.

No mesmo período, enquanto Costa enfrentava uma série de resistências entre a classe política, Lula se referiu ao ministro como "quase um primeiro-ministro", em referência ao principal cargo do Executivo em um governo parlamentarista.

— O Rui Costa foi governador da Bahia. E vocês sabem que o ministro chefe da casa civil é quase que um primeiro-ministro porque tudo que o presidente assina, primeiro tem que passar na mão dele para eu não assinar nada errado. Se alguém quiser mentir pra mim, ele quem vai dizer que é mentira, que não pode assinar ou que não está certo. Portanto, o sucesso do meu governo, parte dele é a presença do melhor ex-governador da Bahia ajudando a gente a governar esse país — afirmou, durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória que criou o Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica.

'Quem coloca ministro é o presidente'
No começo do ano, logo após os ataques golpistas do 8 de janeiro, foi pedida a saída do ministro da Defesa José Múcio — sob a pasta, está a gestão das Forças Armadas. — Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O José Múcio fui eu quem trouxe para cá [governo]. Ele vai continuar sendo meu ministro porque eu confio nele, relação histórica, tenho o mais profundo respeito por ele. Ele vai continuar..