Braço do ITA no Ceará está em estudo, revela o ministro José Múcio
Está em fase de estudo a implantação de um braço do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) na região, um desejo da própria Aeronáutica
Enquanto aguarda a conclusão do Grupo de Trabalho criado pela governadora Raquel Lyra (PSDB) para discutir a implantação da Escola de Sargentos e Armas do Exército em Pernambuco, prevista para o próximo mês, o ministro da Defesa, José Múcio, antecipa outro grande projeto das Forças Armadas no Nordeste.
Em entrevista exclusiva à Folha, o ministro revela que está em fase de estudo a implantação de um braço do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) na região, mais precisamente no estado do Ceará, terra natal do ministro da Educação, Camilo Santana. “No ano passado, os dois cursos preparatórios de Fortaleza conseguiram aprovar 40% dos aprovados no ITA. Metade desse percentual foi das demais cidades do Ceará, ou seja, é um Estado que tem entusiasmo e que, por isso, a própria Aeronáutica está querendo levar esse braço do ITA para Fortaleza”, explica o ministro. Veja a entrevista.
O projeto de implantar um braço do Instituto Tecnológico da Aeronáutica já é algo concreto?
Ainda está em estudo. Estou apenas dizendo que eu tenho entusiasmo e que o Nordeste tem um polo de educação forte. Porque quando a gente vai fazer política e diz que a solução é educação, a gente precisa dar passos largos. E esses passos, como a Escola de Sargento em Pernambuco e a escola do ITA em Fortaleza, uma base do Exército e uma base da Aeronáutica, para o Nordeste, são mudanças de quadro muito grandes.
E por que o Ceará e não outro Estado do Nordeste foi considerado neste estudo?
É um reconhecimento ao entusiasmo que o Ceará tem tido de preparar alunos para o ITA, estado que só no ano passado, enviou 40% dos aprovados para estudar no Instituto, um dos mais importantes do Brasil. Além disso, é muito mais fácil para quem é do Recife, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão, ir estudar em Fortaleza do que em São José dos Campos, em São Paulo.
Eu pensei que o senhor estaria atendendo a um pedido ou pressão do ministro Camilo Santana. Não?
Não estou. Mas depois que eu falei isso durante uma reunião ministerial com o presidente, o ministro Camilo Santana ficou louco. Perguntou logo quanto iria custar e se colocou à disposição para o que precisasse. Inclusive lá já tem as instalações da base da Aeronáutica em Fortaleza, que poderiam ser usadas para fazer esse investimento.
E por falar em investimento, Pernambuco vai perder o da Escola de Sargentos do Exército?
Enquanto eu estiver aqui, não. Foi criado um Grupo de Trabalho em Pernambuco e me disseram que tem evoluído. Mas a gente precisa bater o prego e virar a ponta. Afinal, são R$1,8 bilhão que sairá do orçamento da União, dinheiro do próprio Exército, que está determinado a colocar essa escola em Pernambuco, o que significa dizer que o Exército vai começar por lá.
Além da importância da construção da escola para o Exército, uma escola desse porte, após concluída, irá fomentar muito a economia de Pernambuco, não é?
Serão cinco mil pessoas fixadas lá, entre alunos e professores, e uma folha de pagamento de R$230 milhões que será injetada na região. Não me lembro quando Pernambuco teve uma oportunidade dessa magnitude. Por isso, eu continuo trabalhando com entusiasmo e lutando para que ela fique no Estado. Espero que se faça um acordo sobre as questões de meio ambiente, porque o Exército está determinado a fazer lá, evidentemente que se não tiver jeito, não vai ser, mas para Pernambuco é uma coisa fantástica.
Quando não se quer resolver algo, cria-se um Grupo de Trabalho?
Espero que esse Grupo traga logo um resultado positivo, ou pelo menos que se dê uma nota, se vai ser lá ou que acabou. Porque o Rio Grande do Sul quer, Minas quer, oferecem todas as condições, mas por enquanto estamos sustentando a construção da Escola em Pernambuco.
Não falta mais entusiasmo da governadora?
Evidentemente que ela tem suas precauções de quem está começando, as responsabilidades que ela vai ter que assumir, que a gente aos poucos vai diminuindo e negociando, mas eu acho que da forma dela, ela tem entusiasmo. Acho que nós vamos conseguir.
É só a questão do meio ambiente mesmo?
É o que falaram. E o que mexe no meio ambiente é uma coisa pequena. Os oficiais que estão envolvidos disseram que a última reunião no Recife foi boa e que eles estão começando a ter entusiasmo com isso.
Não se pode transferir de área bem mais próxima que dizem que não tem risco para a questão do meio ambiente?
Quando se chegou à conclusão de que esse local era o ideal, foi depois de muitos anos de trabalho. Vamos aguardar os resultados desse Grupo de Trabalho, vamos ver se essas dificuldades serão vencidas. Eu tenho esperança de que a gente vai resolver.
O presidente Lula já cobrou ao senhor velocidade na construção dessa escola?
Ele já me perguntou uma duas vezes sobre o que estava atrapalhando, e eu disse o problema que surgiu sobre o meio ambiente, mas o Exército acha que vai vencer, que se dispõe a fazer compensações.
E o comandante do Exército, como avalia essa indefinição?
O Exército quando coloca uma coisa na cabeça, é bastante determinado. Mas, claro, fica cobrando uma definição e vão exaurir ao ponto de que se chegar um dia que achar que não tem jeito, vai ser difícil mudar. Mas vamos ver se nesse mês de agosto a gente supera as dificuldades do projeto.
Governadores de outras regiões já procuraram o senhor para ver a questão da escola?
Não. Deputados, sim, e prefeitos onde os municípios são vocacionados já me procuraram, mas sabendo que sou de Pernambuco, se cria uma certa barreira. Eles pensam que como pernambucano não vou tirar a escola de lá, por isso vou lutar até o fim.
E se, diante da dificuldade com a implantação da escola em Pernambuco, o ministro Camilo Santana mostrar que pode, além de sediar um braço do ITA, ter as condições necessárias para receber a Escola de Sargentos no Ceará?
Eu não quero nem admitir essa hipótese. Ele está animado com o ITA e eu estou animado com a Escola de Sargento em Pernambuco e nós se Deus quiser vamos fazer as duas.