Mãe mata bebê de nove meses após dar mamadeira com fentanil para ele dormir
Jovem acreditava que substância era cocaína e admitiu ter colocado droga no recipiente; caso aconteceu nos EUA
Uma estadunidense de 17 anos foi presa na Flórida, nos Estados Unidos, por matar o filho de nove meses após dar a ele uma mamadeira com fentanil, um poderoso opioide sintético responsável por mais da metade das mortes por overdose a cada ano no país. Ela foi indiciada por homicídio qualificado e posse de substância controlada, disse a polícia à emissora ABC news.
Segundo o canal de TV, inicialmente a jovem alegou que não sabia o que havia ocorrido, porém depois ela admitiu aos investigadores que tinha colocado a substância na mamadeira para colocar o filho para dormir. Porém, afirmou que acreditava se tratar de cocaína, e não de fentanil.
No último dia 10, a equipe médica que investigava o caso detectou a concentração de 29 nanogramas de fentanil por milímetro de sangue do bebê, o que confirmou a causa da morte como uma overdose pelo opioide. Segundo o xerife do Condado de Nassau, onde ocorreu o crime, Bill Leeper, 3 nanogramas já seriam suficientes para matar alguém.
— A criança tinha cerca de 10 vezes a quantidade que mataria uma pessoa. A quantidade que ele tinha em seu sistema mataria aproximadamente 10 pessoas — disse.
Leeper explicou que a polícia respondeu a um chamado no dia 26 de junho sobre um bebê do sexo masculino que não conseguia respirar e estava sem pulso. Ele foi encontrado inconsciente no chão da sala de estar. Os agentes chegaram a realizar uma manobra de reanimação cardiorrespiratória e levaram o bebê ao hospital, porém ele foi declarado morto no local.
A investigação continua em andamento, e a mãe foi presa. No entanto, segundo o xerife, ela disse que pode estar grávida novamente.
O que é o fentanil?
O fentanil é um forte analgésico muito utilizado em hospitais durante procedimentos cirúrgicos. Isso ocorre porque ele se conecta a receptores específicos do Sistema Nervoso Central (SNC) que inibem a dor. Porém, esse mesmo mecanismo promove sensações de euforia e de bem-estar, que são extremamente potentes no caso do fentanil.
Esse efeito tem levado muitas pessoas nos EUA a acessarem a substância de maneira ilegal e utilizá-la com fins recreativos. O uso, no entanto, é extremamente arriscado. Segundo a Administração de Repressão às Drogas dos EUA, o fentanil é cerca de 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais do que a morfina.
Em muitos casos, no entanto, o usuário nem sabe que está ingerindo o fentanil, já que ele é constantemente misturado com outras substâncias para potencializá-las, como pode ter sido o caso com a mãe da Flórida, que acreditava ter colocado somente cocaína na mamadeira.
No Canadá e nos EUA, o uso do fentanil e de outros opioides é tão frequente que desencadeou uma crise conhecida como “epidemia dos opioides”, que acumula mais de 500 mil mortos nos últimos 20 anos.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), somente em 2021, ano mais recente do monitoramento, foram aproximadamente 106 mil mortes por overdose no geral no país, um recorde. Destas, cerca de 67% (71 mil) delas foram associadas ao fentanil. Já pela cocaína, para comparação, foram 24 mil vítimas; e pela heroína, menos de 10 mil.
Além disso, as overdoses por fentanil crescem em ritmo acelerado. Enquanto, considerando todas as causas, os eventos dobraram de 2015 para 2021, aqueles ligados ao opioide sintético cresceram 7,5 vezes. Isso fez com que as overdoses tornassem-se a principal causa de morte evitável entre pessoas de 18 a 45 anos nos EUA, acima de suicídio, acidentes de trânsito e violência armada.