Gripe aviária: OMS confirma primeiro surto do vírus entre gatos, na Polônia
Infecções esporádicas de felinos com H5N1 já tinham sido identificadas, mas esse é o primeiro registro de um grande número em uma ampla área geográfica de um país
A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou o primeiro surto de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) causada pelo vírus H5N1 em gatos, na Polônia. O país europeu notificou o órgão no fim de junho sobre o registro de mortes “incomuns” dos animais.
Até o último dia 11, 47 felinos foram testados, com 29 resultados positivos para a influenza aviária (62%). Os animais são de 13 diferentes áreas geográficas da Polônia.
Segundo comunicado da OMS, 14 gatos passaram por uma eutanásia, para conter a disseminação do vírus, e 11 morreram pela doença. A fonte da exposição dos animais ao patógeno ainda é considerada desconhecida, e a organização conduz investigações para identificá-la.
A nota ressalta ainda que “a infecção esporádica de gatos com A(H5N1) já foi relatada, mas este é o primeiro relato de um grande número de gatos infectados em uma ampla área geográfica em um país”.
Sobre casos em humanos, até o último dia 12 nenhuma pessoa que teve contato com os animais contaminados apresentou sintomas da doença, e o período de acompanhamento necessário já foi encerrado.
O que é gripe aviária?
A gripe aviária é causada por cepas do vírus Influenza que geralmente circulam apenas entre aves. Algumas dezenas de casos em pessoas são registrados anualmente, com uma letalidade alta de aproximadamente 53%, porém sempre transmitidos pelo animal. Não há registros de disseminação entre pessoas no mundo, nem da doença em humanos no Brasil.
No entanto, o crescimento das infecções entre aves, que bateu recordes no último ano, e o registro de contaminação em mamíferos têm acendido o alerta de especialistas, que temem uma mutação que leve o patógeno a circular entre as pessoas.
A OMS alerta que “desde o final de 2021, um número sem precedentes de surtos de H5N1 entre aves domésticas e selvagens foi relatado em todo o mundo”. É o caso do Brasil, que teve os primeiros registros da doença neste ano, em maio, e tem lidado com focos da gripe aviária em animais silvestres e de avicultura.
Além disso, “houve aumento das detecções em espécies não aviárias, incluindo mamíferos terrestres selvagens (muitas vezes necrófagos [que se alimentam de cadáveres]) e mamíferos marinhos e, ocasionalmente, em espécies de mamíferos criados em cativeiro ou em cativeiro, provavelmente através do contato com aves infectadas vivas ou mortas ou seus ambientes”, alerta a organização.
Desde 2020, 12 casos humanos do H5N1 foram detectados pela OMS, quatro dos quais foram casos graves e oito foram leves ou assintomáticos. A maioria resultou de contato direto ou indireto com aves vivas ou mortas infectadas.
Não há risco de contaminação por meio do consumo de frango ou de ovos. As autoridades de saúde explicam que a transmissão ocorre pelo contato próximo com o animal contaminado, vivo ou morto. Por isso, ao encontrar uma ave que demonstre sinais da doença, como problemas ao respirar ou comportamento neurológico atípico, deve-se evitar chegar perto.
Gatos na Polônia
Segundo a OMS, o risco para humanos em relação aos gatos na Polônia é considerado baixo para a população geral do país, e de baixo a moderado para donos de felinos e profissionais expostos aos animais, como veterinários, sem o devido equipamento de proteção.
Porém, destaca que, “devido às incertezas relacionadas a este evento, incluindo a fonte de infecção, a avaliação de risco pode mudar”. A organização explica que os animais desenvolveram sintomas como dificuldade em respirar, diarreia com sangue e sinais neurológicos, “com rápida deterioração e morte em alguns casos”.
De acordo com as informações disponíveis, dois gatos eram de vida livre, e 18 eram domésticos com acesso para uma varanda, terraço ou quintal. Cinco eram gatos de estimação sem acesso ao ambiente externo. Há relatos de que sete gatos tiveram a oportunidade de contato com pássaros selvagens, uma das vias investigadas da infecção. O último óbito foi confirmado no dia 30 de junho.