Banco Central vai ouvir empresários e universidades para coletar projeções econômicas, diz diretor
Hoje, autarquia coleta expectativas de aproximadamente 160 instituições, maioritariamente do mercado financeiro
O Banco Central está estudando a formulação de um sistema de coleta de expectativas de empresários e pesquisadores sobre indicadores econômicos, como inflação e PIB. A informação foi confirmada pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, em live nesta segunda-feira.
Hoje, a autarquia coleta expectativas de aproximadamente 160 instituições, maioritariamente do mercado financeiro. O chamado Boletim Focus semanalmente apresenta as projeções desses agentes - sendo um dos componentes para a decisão do Banco Central sobre juros, a cada 45 dias.
"Estamos, nesse ponto, pensando nos contatos com as empresas e os pesquisadores. Pensando em outros bancos centrais que passaram por uma construção de pesquisa do setor não financeiro. Obviamente, uma pesquisa dessa leva um tempo de maturação, até a gente acreditar nos resultados", aponta Guillen.
O diretor define esse novo mecanismo como uma “métrica complementar”. Ele nega que esse movimento poderia “tirar a relevância” do Focus e também cita que há dificuldades para a efetivação dessa mudança:
"Fazer a pesquisa do setor não financeiro envolve um monte de desafios. Quando você sai do mercado financeiro, há menos esse entendimento (dos indicadores econômicos)", diz, ao sugerir que as instituições financeiras têm maior domínio técnico das projeções econômicas na comparação com as empresas na economia real.
Também na live de hoje, o diretor Diogo Guillen refutou o argumento de que o Banco Central “só escuta o mercado financeiro” - tese defendida pelos parlamentares críticos à atuação da autarquia monetária. O titular a diretoria de Política Econômica diz que é “natural” a proximidade com o mercado financeiro, sobretudo porque o BC é órgão regulador.
"Do ponto de vista de política monetária, fazem previsões muito robustas, olham com muito cuidado sobre as projeções macroeconômicas. Ouvi-los contribui para tomar a melhor decisão. Agora, isso não vem em detrimento de reduzir as conversas com o setor não financeiro".