RIO DE JANEIRO

Caso Jeff Machado: ex-companheiro de suspeito do assassinato de ator diz que vinha sendo chantageado

Em depoimento à polícia, Rodrigo Alvim relata ter sido coagido a pagar R$ 480 mil para não ter fotos íntimas publicadas na internet

Bruno Rodrigues - Divulgação

O ex-companheiro de Bruno de Souza Rodrigues — principal suspeito da morte do ator Jeff Machado — afirma que vinha sendo chantageado há quase um ano. Em depoimento à polícia, Rodrigo Alvim disse que houve ameaças de publicar na internet fotos íntimas suas. Por conta da extorsão, o professor vendeu uma casa em Guaratiba e entregou o dinheiro a Bruno.

Os detalhes foram relatados nesta segunda-feira (17), em depoimento à Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que investiga a participação de Bruno Rodrigues no assassinato de Jefferson Machado. O ator foi encontrado morto dentro de um baú enterrado a dois metros de profundidade nos fundos de uma casa, na Zona Oeste.

As mensagens de texto com ameaças, oriundas de um número desconhecido, começaram há alguns meses. No início, segundo relato do professor, o autor não exigiu nenhuma quantia, pedia apenas ao professor que ele fosse obediente, caso contrário sua família sofreria as consequências.

Na ocasião, Bruno disse ao ex-companheiro para não se preocupar que ele iria resolver a questão. Após algum tempo, Rodrigo voltou a ser chantageado, mas desta vez as mensagens exigiam dinheiro.

A partir daí, Rodrigo relata à polícia que Bruno Rodrigues o aconselhou a efetuar o pagamento para não ‘pagar para ver’, se referindo às ameaças feitas contra sua família. Em uma das extorsões, segundo o depoimento, o autor afirmava que sabia que o professor tinha casa, apartamento e um carro. Além de dar detalhes a respeito da sua família. Em um dos pedidos, o criminoso exigiu o pagamento de R$ 420 mil, e pouco tempo depois mais R$ 480 mil.

Para atender as exigências do criminoso, Rodrigo vendeu a casa em um condomínio em Guaratiba, que havia sido comprada em 2011, através de um financiamento bancário, e o carro modelo Ford Ecosport. Além disso, fez empréstimos bancários e também retirou uma quantia que estava guardada na poupança. Tudo para que as fotos íntimas não fossem divulgadas.

Em uma das mensagens recebidas pela vítima, o autor dizia que a venda da casa do condomínio decretaria o fim dos problemas na vida do professor e que a partir dali ele poderia viver em paz. A mensagem foi recebida no dia 8 de maio deste ano. Na ocasião, ao mostrar a mensagem para Bruno, o ex-companheiro afirmou que ele deveria acelerar a venda do imóvel. Após a conclusão da venda, o dinheiro foi entregue a Bruno Rodrigues, segundo Rodrigo.

Principal suspeito do crime
O produtor de TV Bruno Rodrigues está preso desde o dia 15 de junho, quando foi localizado escondido em um hostel no morro do Vidigal, na Zona Sul do Rio. Segundo a polícia, ele é o principal suspeito da morte de Jeff Machado. O ator foi morto estrangulado com um fio telefônico em seu quarto, no dia 23 de janeiro deste ano. De acordo com a investigação, Bruno, na companhia do garoto de programa Jeander Vinícius da Silva Braga — preso temporariamente —, matou o ator, amarrou pés e mãos com fita adesiva e o colocou em posição fetal em um dos baús usados na decoração da própria casa da vítima.

Segundo a polícia, Bruno planejava o crime desde dezembro do ano passado. Para colocá-lo em prática, o produtor protagonizou um "teatro" com amigos e conhecidos de Jeff: além de propostas falsas de emprego, inventou personagens, se passou pelo ator e ainda montou uma farsa para a família da vítima.