Trump diz que é alvo de investigação criminal sobre tentativas de reverter eleição de 2020 nos EUA
Cruzada trumpista de três anos atrás para se manter no poder foi pior teste de estresse para a democracia americana na História recente
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse em uma postagem nas redes sociais nesta terça-feira (18) que é alvo de uma investigação criminal por seus esforços para tentar reverter o voto popular nas eleições de 2020, quando foi derrotado pelo presidente Joe Biden.
A ofensiva antidemocrática era há meses vista como um problema legal iminente para o republicano, que já rompeu precedentes neste ano ao se tornar o primeiro ex-ocupante da Casa Branca a virar réu criminal não só uma, mas duas vezes.
Em uma nota compartilhada no seu perfil da Truth Social, Trump disse que recebeu uma carta do promotor especial Jack Smith no domingo confirmando que era alvo da investigação do Departamento de Justiça.
O documento, afirmou o ex-presidente, estabelece que tem "quatro dias muito curtos" para comparecer diante de um grande júri — pela lei federal americana, para apresentar uma acusação criminal, os promotores devem antes apresentar suas evidências e receberem o sinal verde do grupo de cidadãos.
"O descontrolado Jack Smith, procurador com o Departamento de Justiça de Joe Biden, enviou uma carta (novamente, era domingo à noite) afirmando que eu sou alvo da investigação sobre o 6 de janeiro, e me deu quatro dias muito curtos para me apresentar ao grande júri, o que quase sempre significa prisão e acusação", escreveu o presidente.
A cruzada trumpista para se manter no poder teve como ápice o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando turbas incitadas pelo republicano tentaram interromper uma sessão conjunta do Congresso que confirmaria a vitória democrata. Não está claro quais acusações Smith pretende apresentar contra o ex-presidente, e o Departamento de Justiça sequer confirmou o envio da carta, mas analistas especulam que podem incluir obstrução de procedimentos oficiais e insurreição.
A investigação especial foi aberta pelo secretário de Justiça, Merrick Garland, em novembro de 2022, que nomeou Smith para a tarefa. Além do papel do ex-presidente no ataque ao Capitólio, ele também coordenou as investigações sobre a retirada de documentos sigilosos da Casa Branca ao fim do mandato de Trump, caso que em junho lhe rendeu 37 acusações referentes a sete crimes federais.
A estratégia a qual o ex-presidente recorre desta vez, antecipando-se ao Departamento de Justiça ao anunciar que é um alvo formal, parece com a adotada há dois meses. Em junho, Trump também recorreu à Truth Social para dizer que havia sido acusado criminalmente de ter posto em risco segredos de Estado ao levar consigo os materiais.
Com retórica combativa e ataques verbais recorrentes contra Smith, o republicano tentou incitar a sua base para apoiá-lo e argumentar, sem provas, que é alvo de uma perseguição do Departamento de Estado democrata. Quando compareceu ao fórum no centro de Miami, um número de apoiadores se reunia do lado de fora, mas em quantia significativamente inferior à atraída em outros momentos.
Os problemas coincidem com o início das primárias que o Partido Republicano realiza para escolher quem representará a legenda na eleição de novembro de 2024, com o debate inaugural marcado para o mês que vem. Trump é com folga o favorito: de acordo com o compilado do agregador RealClearPolitics, tem 53,7% das intenções de voto, contra 20,2% do vice-líder Ron DeSantis, governador da Flórida. Em terceiro está seu antigo vice-presidente, Mike Pence, com 6%.