Jovem autista é recusado em academia no Rio de Janeiro
Mulher foi fazer a matrícula do filho, mas foi avisada pelo atendente que autistas não poderiam ser aceitos
Alexsandra Menaguali Lima foi à academia Fórmula, na Praça do Lido, em Copacabana, nesta terça-feira (18) fazer a matrícula do filho Augusto Menaguali Lima, diagnotiscado com autismo, mas foi surpreendida com a recusa do atendente. Ele teria explicado a ela que a unidade não aceita pessoas com o espectro na unidade, e que só o supervisor poderia autorizar o contrato. O caso, divulgado pelo blog do jornalista Ancelmo Góis, foi registrado por Alexsandra na 12°DP, responsável pelas investigações.
Por volta das 13h, a mãe de Augusto saiu de casa e foi à academia. Perguntou ao funcionário sobre os planos e mensalidades, sendo atraída por uma promoção para jovens com menos de 29 anos. Quando estava revirando a carteira em busca dos cartões para finalizar a matricula do filho, ela teria perguntado ao atendente se havia professores no salão da academia. Ela justificou a pergunta explicando a condição do filho e diz ter sido interrompida pelo atendente, que teria lhe explicado que a unidade já teve "problemas com autistas".
— O funcionário falou "a gente não vai poder fazer a matrícula". Na hora, eu fiquei surpresa, perguntei o porquê e ele continou "já tivemos problemas com autistas aqui, só podemos fazer com a autorização do gerente". Eu fiquei muito nervosa na hora, falei que era discriminação, que ia contra a lei. Foi como se tivessem dito que meu filho não prestava para eles — relembra.
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Depois da recusa da matrícula, Alexssandra voltou para casa. Quando foi 16h, decidiu ir acompanhada por uma advogada à 12° DP, em Copacabana, fazer o registro contra a academia. De acordo com ela, foi a primeira vez que negam a ela um direito para seu filho.
— Eu nunca tinha passado por isso. Meu filho anda sempre com o cordão de girassol no pescoço, indicando sua condição. Ele fica em filas prioritárias, algumas pessoas olham de cara feia sem entender, mas nunca tinha sido tão velado. É muito duro, é como se tivessem repelido ele. Quem quer ver o filho passar por isso? — questiona.
Augusto, de 22 anos, é formado no ensino médio e trabalha como recepcionista de shows de artistas como Anitta e Mumuzinho. Atualmente, está se preparando para conseguir a habilitação.
Em casa, após o registro de ocorrência, Alexssandra chamou o filho para conversar, até então, não havia compartilhado com ele o ocorrido.
— Eu estava muito emocionada. A voz presa. Não queria deixar transparecer nenhuma posição de vítima ali, meu filho não tem culpa. Sentei ao lado dele e disse: "Filho, o lugar que não aceitar você é porque ele não o merece, não está preparado para você. Você é muito especial, ninguém pode fazer você se sentir o contrário".
Procurada, a academia Fórmula, na Praça do Lido, atendeu apenas a primeira ligação do Globo, na qual informou estar apurando o caso.