BRASIL

Brasil vai enviar resposta sobre acordo Mercosul-UE em duas a três semanas, diz Lula

Presidente disse que Brasil não abre mão das compras governamentais, que disse serem um instrumento de desenvolvimento interno

Presidente Lula em Bruxelas - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em coletiva em Bruxelas que o Mercosul vai enviar resposta à “side letter” aos membros da União Europeia (UE) em duas a três semanas. O documento enviado pelos europeus aos negociadores do Mercosul exigia compromissos ambientais para fechar o acordo comercial entre os dois blocos.

— Nós fizemos a resposta brasileira. A resposta brasileira está sendo discutida com os quatro países e, depois, nós vamos, daqui a duas semanas, três semanas, entregar definitivamente a proposta para a União Europeia — disse Lula.

O presidente também abordou os dois temas mais controversos da negociação sobre o acordo atualmente: a revisão do texto sobre compras governamentais, exigência do Mercosul, e um novo compromisso ambiental, demanda dos europeus.

Lula disse que o Brasil não abre mão das compras governamentais, que disse serem um instrumento de desenvolvimento interno.

— Os Estados Unidos fazem isso, a Europa faz isso, a Alemanha faz isso, e o Brasil tem direito de fazer isso — disse o presidente, argumentando que, com as compras governamentais centralizadas no estado, seria possível desenvolver a indústria da saúde no Brasil.
 

Segundo o presidente, "a gente tem que aproveitar um programa dessa magnitude [do SUS], o potencial de compra que tem o SUS para que a gente possa desenvolver internamente no Brasil uma indústria da saúde”.

Lula também disse que a carta da União Europeia sobre meio ambiente impunha ameaças e que o Brasil não negociaria nestes termos.

— A Europa tinha feito uma carta agressiva, que ameaça com punição se a gente não cumprisse determinados requisitos ambientais. A gente disse pra União Europeia que dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças — disse o presidente.

Lula disse ainda que “a riqueza da negociação é que alguém tem que ceder” e defendeu a proteção de mercados internos.

— A França é muito ciosa da produção do seus produtos agrícolas, da sua pequena e média agricultura, do seu frango, da sua verdura, do seu queijo, do seu leite, do seu vinho. Da mesma forma que a França tem essa primazia de defender a unhas e dentes o seu patrimônio produtivo, o Brasil tem que defender o nosso.