Moraes: Rosa Weber autorizou operação para verificar participação de grupo em condutas criminosas'
Equipamentos eletrônicos foram apreendidos por determinação da ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira
Ao determinar a realização de busca e apreensão em endereços ligados ao grupo que atacou o ministro Alexandre de Moraes, a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a operação era necessária para verificar a participação do grupo em "eventuais condutas criminosas". Na decisão, ao qual O Globo teve acesso, a magistrada apontou que a Procuradoria-Geral da República demonstrou que a medida seria imprescindível para a coleta e preservação do material probatório, como documentos, arquivos eletrônicos, mídias e aparelhos celulares.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, nesta terça-feira, em endereços do empresário Roberto Mantovani Filho, e de sua mulher, Andréia Munarão. O casal, assim como o genro Alex Zanatta, são investigados pelos crimes de calúnia contra funcionário público, injúria, perseguição e desacato supostamente praticados contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no aeroporto internacional de Roma. Os equipamentos foram apreendidos por determinação da ministra Rosa Weber, presidente da Corte.
O objetivo da PF é analisar se há nos eletrônicos qualquer arquivo de mídia, como mensagens, fotos ou vídeos, que tenha relação com o ataque a Moraes. O advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, que defende o casal, afirmou que as diligências visam encontrar alguma vinculação dos suspeitos com ataques às instituições democráticas.
— Quando o ministro recebeu ofensa de algumas pessoas, que não eram eles, provavelmente imaginou que seriam pessoas relacionadas aos atos golpistas e tudo mais. Neste caso, eles não possuem relação nenhuma com esses fatos, mas a investigação está querendo investigar se existe alguma coisa neste sentido — disse o criminalista.
Em depoimento à PF, ter agredido o filho do ministro. Segundo a defesa dele, o empresário admitiu ter agido para "afastá-lo" de sua esposa, Andréia Munarão, como uma forma de defendê-la de "ofensas pesadas".
— Ele nega ter havido empurrão, ele disse que, em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa, ele afastou essa pessoa. Ele sequer sabia quem era, mas era uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas e desrespeitosas à sua mulher — afirmou Tórtima.
Em representação à PF para apuração do episódio, Moraes relatou que estava na área de embarque do aeroporto por volta das 19h quando Andreia Munarão se aproximou e deu início aos xingamentos. Em seguida, Roberto Mantovani Filho, "passou a gritar e, chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, o empurrou e deu um tapa em seus óculos. As pessoas presentes intervieram e a confusão foi cessada".
Também na representação, o ministro disse que, momentos depois, "a esposa Andréia e Alex Zanatta, genro do casal, retornaram à entrada da sala VIP onde eu e minha família estávamos e, novamente, começaram a proferir ofensas". Moraes não estava acompanhado de escolta policial no momento da abordagem, quando voltava de uma palestra na Universidade de Siena, onde participou de um fórum internacional de direito.
À PF, Moraes contou ainda que foi falar com o grupo para pedir que parassem com as agressões. "Alertei que seriam fotografados para identificação posterior, tendo como resposta uma sucessão de palavras de baixo calão." As fotos foram incluas na representação. Depois disso, o ministro e sua família entraram na sala VIP e os agressores ficaram do lado de fora.
No início da noite, após mais de sete horas depoimento à PF, a família reafirmou, por meio de nota, que mãe, esposa e filho "não visualizaram ou encontraram" Alexandre de Moraes, "na área de embarque do aeroporto de Roma", "evidenciando o engano interpretativo havido, o que torna claro que as pessoas que eventualmente o ofenderam ou cercearam seu deslocamento, são outras".
Também disseram à PF "que em nenhum momento foram ao encontro ou direcionaram qualquer ofensa ao ministro" e "que a discussão inicial havida entre a pessoa de Andréia e dois jovens, uma mulher e um homem, que somente quando chegaram ao Brasil souberam tratar-se do filho do ministro".