EUA coloca em dia lista de 'corruptos' da América Central
Desde 2021, Washington elabora anualmente e apresenta ao Congresso a chamada "Lista Engel"
Os Estados Unidos atualizaram, nesta quarta-feira (19), sua lista de "corruptos" com 39 funcionários e ex-integrantes do alto escalão de Guatemala, Honduras, Nicarágua e El Salvador, entre os quais se destacam dois ex-presidentes salvadorenhos e o juiz que inabilitou o partido de um atual candidato presidencial guatemalteco.
Desde 2021, Washington elabora anualmente e apresenta ao Congresso a chamada "Lista Engel" com os nomes de personalidades do Triângulo Norte acusadas de "atos corruptos e antidemocráticos", e que estão proibidos de entrar no país.
São "indivíduos que participaram com conhecimento de causa de atos que minam os processos e instituições democráticas, de corrupção significativa e de obstrução de investigações", informou o Departamento de Estado em um comunicado nesta quarta-feira.
Este ano foram acrescentados 39 nomes, 21 a menos que em 2022. São dez guatemaltecos, outros dez hondurenhos, 13 nicaraguenses e seis salvadorenhos.
O governo do presidente americano Joe Biden considera que a corrupção provoca instabilidade e favorece a migração, uma das principais dores de cabeça tanto para democratas como para republicanos pelas ondas de migrantes que chegam à fronteira com o México.
A estratégia migratória da Casa Branca para a América Central, supervisionada pela vice-presidente Kamala Harris, "dá prioridade à luta contra a corrupção e ao apoio ao Estado de Direito", lembrou o Departamento de Estado.
Entre os guatemaltecos, os Estados Unidos acrescentaram este ano o juiz Fredy Raúl Orellana, um magistrado que abalou as eleições há alguns dias ao inabilitar, a pedido da Procuradoria, o partido Semilla do candidato social-democrata Bernardo Arévalo, que, por fim, poderá participar do pelito de agosto.
Porém, Washington não o acusa por essa decisão judicial, mas por "autorizar acusações penais sem fundamento e com motivações políticas contra jornalistas".
Em um comunicado, o governo da Guatemala condenou "a subjetividade" da lista, que considera "uma clara violação dos direitos fundamentais das pessoas assinaladas" e "uma ferramenta política contra os operadores da Justiça".
Dois ex-presidentes
A lista de El Salvador, por sua vez, inclui dois ex-presidentes, Salvador Sánchez Cerén e Carlos Mauricio Funes Cartagena, ambos do partido Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN).
Por parte de Honduras, há dois ex-ministros que participaram do governo do ex-presidente Juan Orlando Hernández, julgado nos Estados Unidos por tráfico de drogas.
Já quanto à Nicarágua, país sob sanções americanas por causa da repressão aos protestos antigovernamentais de 2018, os 13 nomes que Washington acrescentou são de funcionários de alto escalão do governo de Daniel Ortega.
O Departamento de Estado adverte que seguirá "utilizando todas as ferramentas disponíveis" para que "os atores corruptos e aqueles que minam a governabilidade democrática" da região "prestem contas".
A Lei de Compromisso Reforçado entre os Estados Unidos e países do Triângulo Norte, mais conhecida como Lista Engel, foi promovida em 2019 pela ex-congressista democrata Eliot Engel e aprovada no ano seguinte.
É uma das muitas listas elaboradas pelo governo americano por condutas ilícitas no mundo.