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Reino Unido critica comunicado da UE que usa 'Malvinas' para se referir a arquipélago

A Argentina defende que as ilhas, herdadas da coroa espanhola após sua independência, foram ocupadas por tropas britânicas em 1833

Ilhas Malvinas - Divulgação, TripAdvisor

O governo britânico reprovou a União Europeia (UE) nesta quinta-feira (20) por incluir o termo "Ilhas Malvinas" para se referir ao arquipélago disputado com a Argentina, denominado Falklands no Reino Unido, na declaração da cúpula com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

"99,8% dos habitantes das Falklands votaram [no referendo de 2013] a favor de serem parte da família britânica. Argentina e UE deveriam ouvir sua escolha democrática", tuitou o ministro das Relações Exteriores britânico, James Clevery.

A resposta do chanceler argentino, Santiago Cafiero, também em um tuíte, não se fez por esperar.

"Estimado Secretário @JamesCleverly: o Reino Unido viola a integridade territorial da Argentina há 190 anos", afirmou.

"O pretenso 'referendum' que [você] invoca não tem valor para o Direito Internacional nem modifica o estipulado pelas mais de 50 resoluções das Nações Unidas, nem a obrigação do Reino Unido de pôr fim ao colonialismo em todas as suas formas e resolver a disputa pacificamente", acrescentou Cafiero.

O presidente argentino, Alberto Fernández, comemorou o uso do termo "Malvinas" na declaração: "Demos mais um passo, uma vitória diplomática histórica: um povo inteiro levou as #Malvinas para uma declaração birregional".

A declaração final em inglês da cúpula UE-Celac, realizada esta semana, inclui tanto o termo "Ilhas Malvinas" como "Falklands" para se referir ao arquipélago do Atlântico Sul, por cuja soberania os dois países se enfrentaram militarmente em 1982.

Em espanhol, o documento apenas menciona "Ilhas Malvinas".

O ponto 13 dispõe: "Quanto à questão da soberania sobre as Ilhas Malvinas, a União Europeia toma nota da posição histórica da Celac, baseada na importância do diálogo e no respeito ao Direito Internacional na solução pacífica de controvérsias".

O porta-voz do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak criticou na quarta-feira a "lamentável escolha de palavras" usadas pela UE.

"Sejamos claros, as Ilhas Falklands são britânicas. Esta é a escolha feita pelos próprios habitantes da ilha" no referendo de 2013, insistiu.

Um funcionário da UE declarou, sob condição de anonimato, que o bloco europeu não havia mudado sua posição sobre o tema.

O arquipélago do Atlântico Sul, situado a 400 quilômetros do litoral argentino e a quase 13.000 quilômetros do Reino Unido, foi palco de uma guerra de 74 dias em 1982, que deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos.

A Argentina defende que as ilhas, herdadas da coroa espanhola após sua independência, foram ocupadas por tropas britânicas em 1833.

O Reino Unido, em contrapartida, defende que a maioria dos 2.000 habitantes do arquipélago votou em 2013 pela manutenção do controle britânico.

Uma resolução da ONU de 1965 reconhece um conflito pela soberania do território e insta ambos os países a negociar.