Saiba quem é a filha de Leila Diniz que processou Regina Duarte, PL e Michelle Bolsonaro
Diretora e roteirista, Janaina Diniz Guerra era o bebê que a atriz (e símbolo da liberação feminina) esperava quando causou escândalo ao posar de biquíni
Na última quarta-feira, a diretora e roteirista Janaina Diniz Guerra, filha da atriz Leila Diniz (1945-1972) e do cineasta Ruy Guerra, entrou com uma ação indenizatória contra Regina Duarte, Michelle Bolsonaro e o Partido Liberal. Representada pelo advogado João Tancredo, Janaina acusa a atriz e o partido de "violarem o direito de imagem e honra de sua mãe".
A ex-primeira-dama (que também é presidente do PL Mulher) e Regina usaram, sem autorização, uma emblemática fotografia em que Leila aparece ao lado das atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilva, Odete Lara e Norma Bengell em protesto contra a censura na ditadura militar, em 1968.
Em dezembro passado, Regina postou um vídeo que reproduzia um discurso de Jair Bolsonaro em defesa do golpe militar e da ditadura. A imagem das atrizes aparece quando o ex-presidente diz que "64 foi uma exigência da sociedade" e que "as mulheres nas ruas pediam o reestabelecimento da ordem".
Em fevereiro deste ano, a fotografia voltou a ser utilizada pelo PL e por Michelle. Dessa vez, a ex-primeira-dama aparecia aparecia "ao lado" das atrizes em uma peça comemorativa pela "conquista do voto feminino". Janaina Diniz pede R$ 52.800, o limite do juizado especial cível, em cada uma das ações.
Janaina nasceu em 1971 e perdeu a mãe aos sete meses de vida. Leila Diniz morreu em um acidente aéreo em 1972. À época, era uma das atrizes mais populares do Brasil e símbolo da liberação feminina. Grávida de Janaina, ela escandalizou a sociedade ao posar de biquíni, com a barriga de fora. Após a morte da mãe, a menina foi acolhida por Marieta Severo, que cuidou dela enquanto Ruy Guerra se recuperava do luto.
Em entrevista ao Globo, em dezembro de 2021, ela contou que planejava um filme ("Despedaços") e uma série documental ("Toda mulher é meio Leila Diniz") inspirados pelos sete diários que herdou da mãe. Também disse guardar "fúria com as deusas" por ter sido privada da convivência com quem lhe ensinaria tanto como mulher.
"É uma das coisas que mais irrita. Dá uma revolta com deuses, deusas, orixás. Que vacilo comigo! É atravessar a vida emputecida com o cosmos por ter tido tanto quase. De todo mundo ter tido o que era tão seu e te foi arrancado. É morrer na praia. Não tive essa mulher, esse ícone da libertação feminina, ao meu lado. Essa mulher explodiu no ar". Afirmou ainda que ela e a mãe lutam "pelas mesmas pautas, mas de formas diferente".
"Uma coisa de personalidade que tenho parecido é que ela era muito transparente, falava tudo na lata. Por isso, se tornou porta-voz de tanta gente. Muitos queriam dizer o que ela dizia e não podiam, a sociedade não permitia. Tanto que foi criada a Lei da Censura Prévia, que apelidaram de Lei Leila Diniz, a partir da entrevista dela ao 'Pasquim'".
Na juventude, Janaina participou de grêmios estudantis e foi da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas e da Organização da Juventude Pela Liberdade. Chegou a visitar comunidades autônomas do Exército Zapatista, no México.
Aos 12 anos, já atuava em peças de teatro, novelas e filmes de curta-metragem. Estudou cinema na Universidade Gama Filho e roteiro na Escola de Cine e TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba. Em 1992, começou a trabalhar como assistente de direção em publicidade e TV. Dirigiu e roteirizou os curtas-metragens "Posta restante" (1997) e o documentário "Da Terra" (2005). Também trabalhou em filmes do pai ("O veneno da madrugada" e "Estorvo") e de outros cineastas, como Cacá Diegues ("Deus é brasileiro") e Aloísio Abranches ("As três Marias").