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Saiba como a eleição da Espanha pode afetar os planos de Lula para a relação do Brasil com a Europa

Próximo ao presidente brasileiro, Pedro Sanchez concorre com Alberto Núñez Feijóo, conservador e da direita

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o premier espanhol, Pedro Sánchez - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá perder um aliado de primeira hora na Europa, caso o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, perca a eleição deste domingo para o conservador Alberto Núñez Feijóo.

Sanchez sempre esteve ao lado de Lula, antes mesmo de o petista derrotar o ex-presidente Jair Bolsonaro, e é visto como uma peça importante nas negociações para a conclusão do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.

Sanchez apoiou publicamente a candidatura de Lula, antes mesmo da eleição de outubro. Junto com Portugal, a Espanha foi um dos primeiros países a receber a visita do presidente brasileiro em seu terceiro mandato, em abril deste ano.

O premier espanhol, que assumiu a presidência da União Europeia, convenceu Lula a participar da cúpula de líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e da UE, em Bruxelas, há cerca de uma semana. Inicialmente, a previsão era que fosse o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Há poucas diferenças entre Lula e Sanchez sobre temas da agenda internacional. A principal diz respeito à guerra na Ucrânia. Assim como os demais países europeus, a Espanha defende severas punições à Rússia e defende um discurso mais duro do Brasil contra Moscou.

Apesar da proximidade, o discurso de Lula é que seu governo não se preocupa com ideologias. O mais importante são relações entre Estados, e não de regime.

De acordo com um importante interlocutor da área diplomática, a Espanha é o segundo maior investidor no Brasil e os interesses bilaterais estão acima de divergências políticas.

Nos próximos dias, o Mercosul enviará à União Europeia sua proposta para fechar o acordo comercial. Lula defende mudanças no capítulo que trata de compras governamentais e meio ambiente. No segundo caso, o presidente deixou claro que não aceita sanções ao bloco sul-americano, por razões ambientais.